Após o primeiro semestre de perdas, induzidas pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros novos e pela restrição ao crédito, o setor de carros usados teve leve recuperação no segundo semestre, aponta a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).
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As perdas do primeiro semestre levaram cerca de 4,5 mil lojas em todo o Brasil a fecharem as portas, segundo estimativa da Fenauto. Foi o que ocorreu com duas das três lojas de Celso Sidnei de Abreu, empresário do ramo há sete anos.
– Foi um ano duro. Juntou a redução do IPI, as dificuldades da economia e complicou tudo – avalia. Segundo a federação, o Brasil tem 40 mil lojas de revenda de carros usados, que empregam 240 mil pessoas diretamente.
A queda nas vendas chegou a 12,1% nos primeiros cinco meses do ano, na comparação com igual período de 2011. Agora, os modelos com mais de três anos registram queda de cerca de 10%, no acumulado de janeiro a outubro. No entanto, os modelos mais novos, com menos de três anos, apresentam alta de 2,8%, no mesmo período.
– Depois de um início muito difícil, dada a dificuldade para aprovação de crédito, começamos a recuperar. Em torno de 15% das fichas de financiamento eram aprovadas. Agora já estamos atingindo uma meta de 30% a 35% – apontou Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente da Fenauto.
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Ele destaca que 70% das vendas do setor são financiadas.
– Existe crédito, mas o aumento da inadimplência fez com que os bancos adotassem critérios mais seletivos – avaliou.
O preço oferecido para quem pretende vender um carro usado ficou de 20% a 25% menor, segundo lojistas entrevistados pela Agência Brasil.
– Quando envolve troca de veículo, a perda é um pouco menor – aponta Armando Monteiro, gerente de uma loja de revenda na zona sul de São Paulo. Na compra de carro usado, a desvalorização é de 10% a 15%, informou o gerente.
Para o presidente da Associação de Veículos Automotores no Estado de São Paulo (Assovesp), George Chahade, a restrição de crédito foi a principal responsável pela crise no setor.
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– De todos os problemas que podemos levantar, como redução do IPI, questões econômicas e diminuição do crédito, a maior parte se deve à menor aprovação de financiamentos. É certo que a procura diminuiu, mas poderia ter se mantido em um patamar razoável se o crédito fosse mais fácil – declarou.
Com a retomada das vendas e a estabilização do preço dos carros usados, Ilídio Santos acredita que o mercado está em equilíbrio e não deve apresentar grandes alterações, mesmo com a volta do IPI para carros novos, prevista para dezembro.