Uma mensagem que cita falta de ar, vômitos, queda de pressão e aumento da frequência cardíaca como consequências do consumo de um pirulito com energético por crianças tem se espalhado por grupos de pais no WhatsApp. Mas o tal pirulito não seria verdadeiro, e a mensagem assustadora — que também faz referências a sangramento nasal e alterações no caminhar e falar — mistura informações de um caso ocorrido em Angra dos Reis (RJ) que envolve balas sem procedência encontradas na rua.
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O pirulito que aparece em foto no WhatasApp é o Blong Energy. Sua fabricante, a Peccin, empresa gaúcha com sede em Erechim, garante que o produto não contém ingrediente energético, estimulante ou alcoólico. Em nota enviada por sua assessoria de imprensa e em aviso publicado em seu próprio site, a marca esclarece que “o sabor é caracterizado pela combinação de aromas artificiais de framboesa com abacaxi, como pode ser conferido na lista de ingredientes. A soma desses aromas remete exatamente à lembrança do sabor dos energéticos, o que foi caracterizado pela marca ‘Energy'”. Conforme a assessoria, o produto tem todas as devidas aprovações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Anvisa, por sua vez, afirma que esses produtos são dispensados de registro junto ao órgão. A agência regulamenta os limites de aditivos e seus rótulos. A regulamentação de produtos livres de registro, como balas e pirulitos, e a fiscalização da venda são competência de órgãos de vigilância estaduais e municipais.
Consultada por GaúchaZH, a Vigilância em Saúde de Erechim afirma que não são feitas análises em produtos antes de colocá-los no mercado. Cabe ao órgão coletar os itens alvo de denúncia para avaliação em laboratório, o que não ocorreu nesse caso.
— Fizemos uma inspeção na Peccin há uns 30 dias e a empresa tem total condição de produção. Toda a matéria-prima precisa ter procedência comprovada, e eles têm essa regularidade — assegura o diretor da Vigilância municipal, Aldo Diligenti.
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Alerta sobre energéticos
Mesmo que inverídica, a mensagem descreve sintomas verdadeiros. Conforme a presidente do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Virgínia Weffort, até mesmo uma pequena quantidade de energético poderia causar tais reações em crianças.
— Para crianças e adolescentes, o energético é contraindicado — sustenta Virgínia, acrescentando que até em adultos, dependendo da sensibilidade da pessoa, essas substâncias podem provocar taquicardia e levar a uma parada cardíaca.