A agência de espionagem israelense Mossad plantou explosivos dentro de 5 mil pagers importados pelo grupo libanês Hezbollah, meses antes da operação coordenada que já deixou 26 mortos e 2.750 feridos nesta terça-feira (17), no Líbano. Uma fonte sênior de segurança libanesa e outra fonte confirmaram a informação à Reuters.

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A fonte de segurança libanesa informou, ainda, que os pagers eram da Gold Apollo, sediada em Taiwan. A empresa, por outro lado, disse que não fabrica os dispositivos e que eles foram feitos por uma empresa chamada BAC Consulting KFT, sediada na capital da Hungria, que possui licença para usar a marca.

Um dia após explosões de pagers, “walkie-talkies” são detonados e três morrem no Líbano

Nos pagers, uma carga explosiva com menos de 50 gramas foi alocada próxima à bateria, junto a um “interruptor”. Isso é o que possibilitaria que os pagers fossem detonados remotamente.

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Foi por volta das 15h30 (9h30 em Brasília) que os dispositivos receberam uma mensagem que aparentava ter vindo da liderança do Hezbollah. A mensagem “falsa” com um apito, porém, ativou os explosivos.

Testemunhas que foram ouvidas pela Reuters relataram que os feridos apresentavam ferimentos na cabeça, mãos ou na região da cintura. Isso porque, provavelmente, pelos pagers terem tocado antes da explosão, as pessoas se aproximaram deles ou manusearam os equipamentos.

Uma fonte de segurança libanesa contou que o grupo encomendou 5 mil bipes, como também são chamados os pagers, da Gold Apollo. De acordo com diversas fontes, eles foram trazidos ao país no início deste ano.

Nesta quarta-feira (18), o grupo armado libanês emitiu um comunicado que dizia que “a resistência continuará hoje, como em qualquer outro dia, suas operações para apoiar Gaza, seu povo e sua resistência, o que é um caminho diferente da punição severa que o inimigo criminoso (Israel) deve aguardar em resposta ao massacre de terça-feira”.

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O plano aparenta ter sido elaborado por muitos meses, afirmaram várias pessoas à Reuters.

Relembre o ataque

A onda de explosões durou por cerca de uma hora. De acordo com a Cruz Vermelha Libanesa, mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas de emergência se dirigiram ao local para prestar socorro às vítimas.

Mojtaba Amani, o embaixador do Irã no Líbano, está entre os feridos pelas explosões. Conforme a embaixada, no entanto, Amani sofreu ferimentos leves.

Entre os mortos estão duas crianças de oito e 11 anos, de acordo com o Ministério de Saúde Libanês. Cerca de 500 pessoas estão em estado grave, e entre os feridos alguns perderam a visão ou tiveram membros amputados.

Após as explosões de terça, o governo do Líbano ordenou que todos os cidadãos com posse de pagers se livrem dos dispositivos imediatamente, de acordo com a agência de notícias estatal do Irã Irna.

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A detonação dos pagers é a “maior falha de segurança” que o grupo passou desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, conforme um representante do Hezbollah, que falou à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato.

Um meio de comunicação móvel desenvolvido nas décadas de 1950 e 1960, os pagers se popularizaram nas décadas de 80 e 90, antes do crescimento do uso dos celulares. Eles foram adotados justamente para evitar o rastreamento por celulares.

*Com informações de CNN Brasil e g1

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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