Após votação tensa, herdeiro político de Hugo Chávez é eleito presidente com 1,59 ponto percentual de diferença sobre opositor
Continua depois da publicidade
Com uma margem muito menor do que as pesquisas de opinião indicavam, Nicolás Maduro, presidente interino da Venezuela, venceu o governador Henrique Capriles, ontem. A diferença entre os dois candidatos foi de 1,59 ponto percentual, o que representa menos de 300 mil votos.
>> Imagens do dia: confira fotos das eleições na Venezuela
Continua depois da publicidade
– Temos um triunfo eleitoral justo, legal, constitucional e popular – declarou Maduro.
Segundo o presidente eleito, ele recebeu um telefonema de Capriles dizendo que não sabia se aceitaria o resultado ou se pediria a recontagem dos votos. Pouco depois, Capriles fez um discurso demonstrando inconformidade com o resultado:
– Não vamos reconhecer o resultado até que sejam contados todos os votos dos venezuelanos. Um a um.
Capriles cresceu 679.099 votos desde a eleição de 7 de outubro, quando perdeu para o então presidente, Hugo Chávez, quando a diferença entre os dois era de 10 pontos percentuais. A situação caiu 685.794
Continua depois da publicidade
O vencedor foi divulgado por volta de 23h20min (0h50min, no horário de Brasília). O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) prometera o primeiro pronunciamento quando o resultado fosse irreversível, às 21h30min locais (23h do Brasil). A demora já indicava que a disputa estava apertada.
Com 98% das urnas apuradas, nada havia sido anunciado. Esperavam-se os 100,4 mil votos do Exterior. Os dois lados preparavam suas festas. Rojões estouravam pelo céu de Caracas.
Após anunciar o resultado, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena fez um apelo para que os eleitores de Capriles aceitassem o resultado pacificamente.
Continua depois da publicidade
A campanha que se desenvolveu com relativa calma nas ruas da Venezuela durante o dia entrou a noite com a tensão refletida na troca de acusações fortes entre as duas candidaturas, Maduro e Capriles, em pronunciamentos e pela redes sociais.
Havia denúncias mútuas de irregularidades no pleito, o segundo a se realizar em apenas seis meses. Os chavistas (pró-Maduro) atribuíam aos adversários o hackeamento do Twitter do candidato e acusavam a imprensa de fomentar o nervosismo. A oposição dizia haver indícios de fraude e cerceamento nas seções eleitorais, o que já era esperado, uma vez que a diferença se encurtou.
Os eleitores se mostravam divididos, 40 dias depois da morte de Hugo Chávez. Em uma atitude de grande simbolismo, Maduro foi até o Museu da Revolução, o antigo Quartel da Montanha, museu onde jaz o corpo de Chávez.
Continua depois da publicidade
– Havia ônibus do chavismo que levavam eleitores para votar. Mas, independentemente do resultado, a candidatura de Maduro estava se desintegrando. Mais alguns dias, e Capriles estaria com vantagem folgada – disse a ZH Ricardo Villasmil, principal assessor para economia da oposição.
Depois dos festejos do vencedor, vem o desafio. A inflação em março foi de 2,8% – e mesmo os analistas governistas estimam que superará os 30% anuais (nos últimos 12 meses, já chegou a 25%). A escassez de alimentos é preocupante: passou de 11% da cesta básica em novembro para 17,7% em março. As contas públicas têm déficit de 15% do Produto Interno Bruto (PIB). A diversificação é uma meta distante na medida em que a dependência em relação ao petróleo se tornou uma camisa de força. Somente com programas sociais, foram gastos US$ 174,1 bilhões entre 1999 e 2012.
O novo presidente terá de buscar consensos para levar o programa de governo adiante.