O pequeno José Pedro cresceu. Ele partiu nesta sexta-feira do Hospital Dona Helena, de Joinville. O menino que surpreendeu a família Castilho e a equipe médica ao nascer com apenas 405 gramas, em maio, agora pesa 2.675kg e voltou com os pais para Rio Negrinho, no Planalto Norte. José Pedro só conhecia a rotina do hospital. Desde o dia em que nasceu, 7 de maio, estava sob os cuidados intensivos da mãe e de uma equipe que envolve médicos, enfermeiros e técnicos.

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Ele veio ao mundo com apenas 25 semanas de gestação, o que os médicos consideram um nascimento prematuro de altíssimo risco. Uma gestação normal leva de 37 a 42 semanas para ser completada. Os bebês nascidos antes disso são considerados prematuros. E os que nascem com 23 a 25 semanas têm uma taxa de sobrevivência que varia entre 15% e 40%, dependendo da região do País.

– Ele está muito bem, teve um grande desenvolvimento nesses quase sete meses – diz o pai, George Francisco de Castilho, que enfrentou uma rotina incansável de percorrer os 140 quilômetros entre Rio Negrinho e Joinville quase diariamente para acompanhar a mãe, Saiana, que ficou mais de quatro meses internada com o menino.

José Pedro ainda terá de fazer uma cirurgia de hérnia, mas tudo depende do desenvolvimento dele. Talvez no começo do ano que vem ele volte a Joinville, já perto de completar um ano, para o procedimento. Para dar boas-vindas ao menino em casa, George e Saiana escreveram uma carta para ele. Emocionado, o pai agradece à equipe médica e relata no texto um pouco do que a família enfrentou.

Confira a carta:

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“Ao nosso pequeno José Pedro

Você veio ao mundo mais cedo, como aqueles que não esperam o tempo acontecer, como aqueles que estão sempre a frente do seu tempo. Aos olhos de todos, frágil, indefeso, quase sem esperanças, mas desde o primeiro momento muito Guerreiro e Lutador, mostrando a todos que veio para ficar, que veio para viver, que veio para vencer!

Amado filho, passados quase 7 meses desde seu nascimento, estamos hoje aqui, neste dia tão especial para nós, dia de nos despedirmos das tias do hospital, dia de irmos para casa!

Filho, agradecemos imensamente a Deus que permitiu que você estivesse hoje aqui conosco, agradecemos imensamente à todas às tias e tios do Hospital Dona Helena, que não mediram esforços para que esta caminhada tivesse um final feliz, mas queremos muito agradecer a você!! Obrigado meu filho por ser este ser tão especial, por vencer cada batalha enfrentada em sua caminhada. Mostrando a nós que a sua força de vontade, força de viver, supera a tudo e a todos.”

Uma vitória para família e equipe médica

A saída de José Pedro do hospital é uma vitória para a família e também para a equipe envolvida em todo o processo de desenvolvimento do menino nos últimos seis meses e meio. Logo após nascer em 7 de maio, o pequeno começou a luta pela vida. Ele teve uma parada respiratória e teve que ser entubado. No início, a alimentação era feita pela veia e, aos poucos, o leite materno foi inserido na rotina.

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Durante três meses, ele ficou internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e a mãe saía de Rio Negrinho para visitar o filho diariamente, voltando para casa após cada encontro. No início de agosto, ele passou para o berçário de médio risco, que fica dentro da UTI, e a mãe foi internada no hospital para ficar ao lado do pequeno José.

Nesta sexta-feira, a família se despediu da equipe médica responsável pelos cuidados de José Pedro e agradeceu a todos pelo trabalho e carinho com a criança. O menino saiu respirando sem ajuda de aparelhos e já se alimentando de leite materno, o que ocorre em menos de 5% dos casos, segundo o coordenador de serviço e pediatria, Dr. Kalil Auache.

– Um parto assim com tão poucas sequelas é muito raro. Em média, menos de 30% dos bebês sobrevivem – explica.

Segundo Auache, muitas crianças que sobrevivem ao parto acabam ficando com sequelas, como hemorragia cerebral, problemas visuais e pulmonares. No entanto, José Pedro vai para casa sem nenhuma complicação, tornando-se o caso de maior sucesso na carreira do médico em um parto de alto risco como o dele.

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– Ele sai do hospital com 6,6 vezes o peso de quando nasceu. Quando um bebê com parto normal chega a um ano, ele tem três vezes o peso do nascimento. Isso é uma vitória para o José Pedro – diz o médico.

Ao todo, foram mais de cem profissionais envolvidos no tratamento e na recuperação do menino, entre a equipe de pré-natal, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeuta e outras áreas, nos mais de seis meses em que o garoto ficou.