O menino Thaylon Leonady, de apenas 7 anos, residente no município de Otacílio Costa, na Serra Catarinense, desenvolveu uma doença rara, a síndrome de Stevens-Johnson. Após iniciar com sintomas de gripe, o quadro evoluiu rapidamente em dois dias e, após uma semana, foi parar na UTI, em Florianópolis.

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Apesar de bastante rara no Brasil, a doença, caracterizada por uma reação alérgica forte, é muito séria e pode afetar crianças e adultos.

Talita de Almeida Souza, mãe do menino, conta que o drama da família começou com alguns espirros no domingo, dia 9 de junho.

— O quadro dele piorou na terça-feira (11), com mais tosses e mais febre. Levei ele no posto de saúde, do bairro Igaras, em Otacílio Costa, onde foi atendido pelo médico que receitou remédios para gripe. Chegando em casa dei as medicações, e ele amanheceu melhor na quarta-feira (12), foi até para o colégio. Mas quando chegou a quinta-feira (13), ele acordou com febre, inchaço nos olhos e feridas na boca — conta.

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— Corri imediatamente para o mesmo posto de saúde, achei que poderia ser uma reação aos medicamentos. O médico me disse que era conjuntivite e as feridas na boca eram por causa da febre, e me passou a receita para os olhos e para as feridas. Compramos os remédios e fizemos tudo como orientado — diz Talita.

Porém, na sexta-feira (14), Thaylon acordou pior, a febre não baixava e a boca e os olhos já estavam mais inchados.

— Corremos para o hospital de Otacílio Costa e, chegando lá, a médica confirmou a conjuntivite e uma estomatite na boca. Ele tomou uma injeção de benzetacil que foi aplicada por volta das 11 h. Mas no início da tarde ele começou com uma coceira e manchinhas vermelhas no corpo, final da tarde piorou a febre, e então fomos para o Hospital Seara do Bem, em Lages, lá se confirmou a conjuntivite e a estomatite, e pediram exames de sangue, urina e um raio X, e todos deram bons. Mas mesmo assim, a médica preferiu deixá-lo internado — relembra a mãe.

Veja fotos do menino

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Diagnóstico da síndrome

Talita conta que os sintomas do filho continuaram no sábado (15).

— Manchas vermelhas na pele, olhos inchados sem conseguir quase abrir, a boca com feridas e a febre que não baixava de jeito nenhum. Os médicos iniciaram vários exames e avaliações, sem achar resultado. Até que foi diagnosticado com síndrome de Stevens-Johnson. Ali me desesperei por ser algo tão raro. Iniciamos então um movimento para conseguirmos a transferência dele para o Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, para que tivesse acesso ao tratamento adequado e especializado nesta síndrome.

A vaga em Florianópolis chegou na quarta-feira (19), e Thaylon foi transferido para a Capital onde se encontra em tratamento. O menino está entubado com um quadro delicado na UTI do hospital, respirando com ajuda de aparelhos.

— Só o que peço é que continuem em correntes de orações pelo meu filho e, se Deus quiser, logo estaremos em casa, contando o milagre da vida dele para o mundo inteiro. Tenho fé que o Thaylon vai ficar bem e vai voltar para mamãe e para o papai — diz Talita.

A família abriu uma chave pix para quem quiser ajudar.

— Meu marido é autônomo, trabalha com a construção de calçamentos, e com essa situação toda está afastado do trabalho. Toda ajuda é bem-vinda, porque já sabemos que o tratamento dele será longo — conta Talita.

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Doações podem ser enviadas para a chave pix CPF 098.391.399-40, em nome de Talita de Almeida Souza.

Entenda a Síndrome de Stevens-Johnson

A Síndrome de Stevens Johnson, que acometeu o pequeno Thaylon, é extremamente rara. Ela foi descrita pela primeira vez em 1922 por dois pediatras americanos, Albert Mason Stevens e Frank Chambliss Johnson, que descreveram casos de lesões cutâneas graves em crianças.

Segundo a médica dermatologista Rúbia Battisti Vecchi Martins, de Lages, as últimas estatísticas mostram que ela acontece de 2 a 5 casos a cada 1 milhão de pessoas.

— É algo muito pouco comum, mas infelizmente existe. Uma das principais causas da síndrome é a reação a medicamentos. Antibióticos, como a penicilina e a sulfa, estão entre os maiores causadores do problema, além de alguns tipos de analgésicos, anticonvulsivantes e anti-inflamatórios. A segunda causa, menos comum, é após quadros infecciosos, como herpes, influenza e outras infecções virais ou bacterianas — explica.

A médica afirma ainda que os primeiros sinais podem ser confundidos com uma gripe.

— É comum o mal-estar, febre, dores no corpo e o desencadeamento das lesões de pele, que é o sintoma mais típico. Começam a surgir bolhas na pele, tanto no corpo como nas mucosas, que vão evoluindo para feridas. O quadro vai se agravando porque o paciente começa a desenvolver um quadro de conjuntivite, por conta das feridas causadas na região dos olhos, dificuldade de se alimentar devido as feridas da boca, e muitos outros sintomas, pois as erupções vão se espalhando rapidamente causando muito dor no paciente — ressalta a dermatologista.

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Rúbia afirma que infelizmente não há maneiras de prevenir a síndrome de Stevens-Johnson, porque geralmente ela é um quadro agudo e intenso, causado por um medicamento que até então o paciente não sabia que tinha alergia.

— Nesse caso, o principal cuidado é o tratamento precoce. Ao iniciarem os primeiros sintomas, já se pensar na hipótese da síndrome de Stevens-Johnson e iniciar brevemente o tratamento, com medicamentos específicos, além da reposição de soro e eletrólitos, uma vez que o paciente apresenta dificuldade para se alimentar devido às lesões na boca.

A médica conta que a síndrome não tem um protocolo de tratamento específico.

— Pode incluir corticoide oral e, principalmente, a imunoglobulina. O principal mesmo é o tratamento precoce. Assim quanto antes se suspeitar, se diagnosticar, melhor o suporte para a recuperação deste paciente — afirma ela.

A dermatologista ainda pondera que devido a raridade de ocorrência desses casos, também a suspeita diagnóstica é difícil.

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— Não se suspeita desse diagnóstico de uma maneira tão rápida e tão fácil, porque de fato é uma doença muito pouco comum. Por isso é importante que, ao se desconfiar de algo, levar imediatamente o seu filho para atendimento médico, lembrando que a doença também acomete adultos — conclui a médica.

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