Receber a notícia de que o filho de apenas quatro meses foi diagnosticado com perda auditiva, certamente não foi tarefa fácil para os pais do pequeno André Luiz Nessler. Hoje, prestes a completar cinco anos, o garoto brinca, interage e tem uma convivência totalmente normal com familiares, amigos e professores na escola. Contudo, a mãe Alexandra Evangelista, lembra que o processo para chegar até aqui exigiu muita dedicação e cuidado intensivo.
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Segundo ela, André não passou no teste da orelhinha, realizado ainda na maternidade, e a partir de então fez uma audiometria para identificar o possível problema. Do ponto de vista técnico, a atenção dada ao caso e a descoberta precoce do problema, foi positiva no sentido de se realizar o tratamento ainda enquanto novo, apresentando bons resultados. A perda auditiva de André corresponde a 80% nos dois ouvidos, e é considerada uma perda profunda que se deu na formação dele. Com sete meses, ganhou o primeiro aparelho de amplificação sonora para os dois ouvidos e fez fonoterapia com o intuito de desenvolver a fala.
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-Mais tarde, os médicos nos falaram da opção de fazermos um implante coclear. Pesquisamos na internet e vimos que algumas pessoas não recomendavam, mas posteriormente aceitamos e ele fez a cirurgia em Florianópolis, em julho de 2012, com um ano e meio de idade- conta Alexandra.
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Mas nada disso seria possível não fosse o trabalho de especialistas que atuam no Centrinho Prefeito Luiz Gomes, em Joinville. No caso de André, como os primeiros exames e o acompanhamento foram realizados pelo SUS em um posto de saúde próximo de casa, não demorou para que fosse encaminhado ao Centrinho.
-No começo sofremos bastante por ele ser criança e não saber a importância do aparelho, mas o desenvolvimento dele melhorou muito depois do implante. Antes ele não entendia nada do que falávamos, e com o implante ele começou a desenvolver a compreensão. A partir daí, começamos com a fonoterapia para estimular a audição e a fala dele- relata a mãe.
De acordo com a fonoaudióloga Juliana Achôa, faz pelo menos quatro anos que esse sistema de terapia está implantado de uma forma sistemática e organizada na unidade.
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-Temos esse diferencial que é a terapia trabalhada com crianças que são encaminhadas para uma cirurgia de implante coclear na capital, e quando voltam, há um trabalho para desenvolver a fala. Percebemos que as crianças estão saindo muito bem reabilitadas e temos visto bons resultados com isso- aponta a especialista.
Agora, André está na lista de espera para realizar a cirurgia para o segundo implante coclear, desta vez na orelha direita. O processo, segundo a mãe, deve ocorrer dentro de um ano e meio.
Serviço de Saúde Auditiva completa 10 anos
No último dia 24 de novembro, o serviço de Saúde Auditiva do Centrinho completou 10 anos que recebeu a homologação do credenciamento no Ministério da Saúde. Uma grande festa entre pacientes e profissionais da unidade comemorou a data. A unidade que existe desde 1990, disponibiliza os serviços de reabilitação de fissuras labiopalatinas e também de saúde auditiva. É a única instituição do gênero totalmente pública do Estado e, na saúde auditiva, já atende a população com o tratamento e a distribuição gratuita de aparelhos auditivos.
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Hoje são 7 mil pacientes que já foram atendidos e cerca de 4 mil que receberam próteses ao longo dos anos e que fazem acompanhamento regular. O serviço realiza uma média de 600 consultas por mês e cerca de 80% das consultas são com idosos que perdem a capacidade auditiva. Os aparelhos são dimensionados para cada caso, ajudando na qualidade de vida dos pacientes
-Normalmente os pacientes já chegam com uma queixa importante, principalmente os adultos que tem impactos no seu cotidiano. De modo geral, a equipe tem uma preocupação ainda maior com as crianças que podem detectar um problema na idade escolar. É muito gratificante o trabalho, pois atendemos o paciente em uma situação fragilizada e propomos uma solução para amparar a família- resume Juliana.