Daniela Liebman pode ser explicada com pelo menos três palavras: virtuose, prodígio, dedicação. Com 16 anos recém-completados, a menina mexicana é uma referência na música, com uma agenda que a traz a Joinville hoje como a estrela que irá apresentar o marco inicial do festival I Pianíssimo ao público. Depois, ela segue para o Rio de Janeiro, para um concerto na sexta-feira; e para Porto Alegre, com concerto no sábado. Nos próximos meses, a jovem divide as tarefas escolares com recitais em seu país de origem e nos Estados Unidos.
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Nesta noite, Daniela executa obras como a Sonata para Piano Nº 24 em Fá Maior, de Bethoven; a Impromptus opus 90, de Schubert; além de composições de Chopin e Prokofiev. Para alcançar a perfeição almejada nos concertos, ela ensaia pelo menos seis horas por dia, todos os dias. Por isso, no fim da infância, deixou a escola tradicional para receber a educação formal em aulas particulares que pudessem ser adaptadas à dedicação ao piano e às apresentações pelo mundo. Ela já realizou mais de 20 concertos como solista com orquestras profissionais de quatro continentes e venceu concursos internacionais na Espanha, na Rússia e nos Estados Unidos.
Tantas realizações surpreendem pela juventude de uma artista que começou sua trajetória há pouco mais de dez anos, quando o pai a presenteou com um pequeno piano e passou a ela as primeiras lições. A musicalidade corria no sangue: sua avó é uma pianista profissional e o pai, violinista. A influência paterna até tentou, quando Daniela ainda era muito nova, fazer dela uma violinista.
— Eu tinha três anos quando meu pai me deu um violino, mas eu era muito pequena e não sabia o que fazer com ele. Mas, quando ouvia minha avó ao piano, eu ficava inquieta — recorda ela.
A obstinação por transformá-la em uma musicista levou a incontáveis horas de lições entre pai e filha, até que a menina passou a aulas em escolas especializadas. Teria ele previsto um talento fora do normal em uma criança que ainda nem estava em idade escolar? Daniela ri ao responder um “não” com convicção: ele apenas sabia como era importante aprender um instrumento desde cedo, principalmente se esta pudesse tornar-se uma oportunidade de carreira no futuro.
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A descoberta de que Daniela se destacaria entre os jovens músicos de sua idade ocorreu quando, aos sete anos, ela venceu o primeiro concurso de música. Aos 11, ela foi uma das artistas mais jovens a se apresentar como solista no Carnegie Hall, a casa de espetáculos de Nova York que já foi palco dos maiores nomes na história da música.
— Foi algo que nunca imaginei em fazer em minha vida, principalmente aos 11 anos. É muito especial chegar ao palco e sentir a energia do público e dos músicos — explica Daniela que, no ano passado, com apenas 15 anos, entrou na lista da Revista Forbes das 40 mulheres mexicanas mais influentes do país.
Música que vem do coração
O evento que traz Daniela a Joinville é apenas o primeiro momento do I Pianíssimo: Todos os Pianos do Mundo, que tem a proposta de tornar-se um festival consolidado que poderá colocar Joinville como a cidade do piano no Brasil. Ele tem direção artística do pianista Miguel Proença, considerado o melhor executor da obra de Heitor Villa-Lobos no Brasil.
O concerto de Daniela é apenas uma mostra do que ocorrerá durante o festival, que ocorre entre 19 e 23 de setembro, com a participação de importantes pianistas nacionais e estrangeiros para recitais, aulas e palestras, além de apresentações populares em restaurantes, shoppings e bares de Joinville. O festival ganhou este nome por um termo usado para indicar, na partitura musical, a intensidade sonora com que uma nota ou um trecho musical devem ser executados.
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— A maioria dos termos vem do italiano — explica Daniela — E o “pianíssimo” é o oposto de forte. Ele é usado para descrever uma dinâmica no piano em que o som é baixo, mas também que é uma sensação mais intimista.
A proposta do I Pianíssimo é ser um encontro eclético de musicistas que, partindo do piano, visitarão todos os gêneros musicais. A programação completa será divulgada nos próximos meses. Ele foi idealizado por Albertina Tuma, criadora do Festival de Dança de Joinville, e, em seu evento de lançamento, homenageia a pianista e professora joinvilense Vany Knoll, que faleceu em 28 de abril deste ano.
— Um festival é uma coisa muito especial porque todos estão unidos pelo amor à música, não importa a idade, o gênero ou de onde vem as pessoas. É uma celebração da arte e acredito que manter e compartilhar isso é uma das coisas mais lindas que poderíamos fazer — define Daniela.