Era para ser mais uma segunda-feira comum em que André Conceição levava a única filha para o colégio depois de um fim de semana juntos. Separado da mãe da menina, sábados e domingo eram reservados a ficar com a pequena. No caminho até a escola José Potter, no bairro Espinheiros, faziam planos para uma celebração dupla.
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Ela chegaria aos oito anos no dia 14 de junho.
— Eu faço aniversário dia 10, aí combinamos a festinha para o dia 11. Estávamos decidindo sobre os docinhos. Ela queria uma festa com o tema de unicórnios — conta o pai, ainda em estado de choque.
O que ninguém imaginava é aquele seria o último momento de felicidade compartilhado entre pai e filha.
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Horas mais tarde, quando a noite caiu nesta segunda-feira (30), os planos de uma celebração daqui a duas semanas acabaram. Do outro lado da linha vinha a informação de que a menina tinha sido ferida e estava na Unidade de Pronto-Atendimento do bairro Cordeiros.
Lá o pai soube que a filha estava morta. Foi vítima de um assassinato brutal cometido pelo padrasto, com quem a menina morava desde pequena junto com a mãe e um irmão mais velho. O próximo encontro entre André e a filha seria na quarta-feira.
— Agora eu não vou mais buscar ela. Não vai ter festa. A ficha ainda não caiu — desabafa.
A menina de cabelos cacheados e agora lembrada pelos vizinhos como bastante educada e sempre atenta ao visual, foi velada durante esta terça-feira (31) no Cemitério da Fazenda.
Bastante abalada ao lado do caixão, a mãe recebia amparo de amigos e familiares. Todos chocados com a violência.
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A prefeitura de Itajaí, responsável pela escola onde a pequena estudava, lamentou a perda prematura. “Será lembrada por todos, colegas, professores e demais funcionários da unidade, como uma menina meiga, carinhosa, inteligente e muito simpática”.
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Um caso cruel
A pequena morreu após ser golpeada com um facão pelo padrasto. As primeiras informações passadas à polícia indicam que Marciel Medeiros chegou em casa do serviço bastante alterado e teria começado uma discussão com a esposa – mãe da menina – por causa de ciúmes.
Na sequência, inicia o ataque de fúria e tira a vida da enteada.
A mulher e o filho mais velho dela, de 16 anos, tentaram evitar as agressões, segundo a PM, e também acabam feridos nas mãos.
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Na vizinhança o sentimento era de perplexidade quando o dia amanheceu e as marcas de sangue ficaram evidentes na casa. Manchas da porta de entrada e na janela e parede do segundo andar, onde pelo lado de fora se imagina ser um quarto, dão a dimensão do horror ocorrido dentro do imóvel.
Vizinhos contam que ouviram gritos e quando saíram para ver encontraram uma cena de horror. A pequena chegou a ser levada pela própria família ao médico, mas já era tarde demais. A mãe e o irmão receberam atendimento por causa dos machucados e foram liberados.
O criminoso chegou a fugir do local e uma câmera de segurança o mostra saindo da rua minutos depois do ataque. Ele morreu três horas depois a dois quilômetros da casa. A Guarda Municipal de Itajaí informou que encontrou Marciel Medeiros em uma região de mata, pediu para que ele se rendesse — o que não teria acontecido —, e então ele foi baleado ao tentar atacar um agente com uma faca.
Apesar de o homem ter morrido, a Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso sobre as reais motivações do criminoso, como ocorreu a dinâmica dentro da casa. Os exames devem indicar se a menina sofreu abusos. A hipótese foi levantada pela PM, mas somente um laudo pode confirmar. Familiares negam que o crime sexual tenha ocorrido.
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Vídeo mostra fuga do criminoso
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