O canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Vargem localizada no rio Canoas entre os municípios de Vargem e São José do Cerrito, no Planalto Serrano catarinense, foi invadido na manhã desta terça-feira (03) por cerca de 60 pessoas integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O grupo reivindica o atendimento que não teria sido cumprido pela empresa Engevix, responsável pela obra, para o pagamento das terras desapropriadas.

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Informações repassadas pelo 26° Batalhão da Polícia Militar , localizado em Vargem, o grupo arrombou o portão. Os responsáveis pelo movimento retiraram todos os profissionais da Engevix da usina. Não há registro de confrontos e as pessoas permaneceram no local de forma pacífica.

Segundo os organizadores do MAB, o grupo reivindica negociação para discutir a reparação de possíveis direitos violados. Seriam seis anos desde o início das obras e três anos que a construção da barragem está paralisada, sem processos de indenização e reparação.

De acordo com o Movimento, em reuniões com a empresa, os pontos de reivindicação não avançaram e, portanto, os atingidos se encontram em situação de emergência exigindo a imediata compra de terra para reassentamento, além do reconhecimento de direitos negados e a revisão dos valores indenizatórios e reparatórios.

A Hidrelétrica de São Roque, gerida por meio do consórcio São Roque Energética e pela empresa Engevix, está em pauta desde antes de 2009, quando iniciaram os estudos de viabilidade e licenciamento da obra na região. Este empreendimento já impactou a vida de aproximadamente 700 famílias de cinco municípios catarinenses.

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Aproximadamente 100 famílias se encontram em um acampamento rotativo nas proximidades do canteiro de obra para sensibilizar a empresa responsável pela barragem, bem como as autoridades e demais setores da sociedade civil para pressionar pelo cumprimento dos direitos.

Empresa se pronuncia

A assessoria de imprensa da Engevix enviou nota sobre o assunto e diz que a empresa foi surpreendida com a invasão do canteiro de obras:

“A respeito da invasão do canteiro de obras da UHE São Roque, a empresa informa que foi surpreendida pela ação, mesmo com as negociações de indenização ainda em andamento com ex-proprietários. Ao todo, 67% deles já foram pagos e o restante permanece em tratativas. E para 98 famílias não proprietárias, a usina ainda providenciou propriedades em reassentamentos coletivos e áreas remanescentes, por meio de concessão de cartas de crédito, além de indenizar, em dinheiro, outras 70 famílias.

Só em 2019 já foram feitas oito reuniões com a Comissão de Negociação/MAB, que representa os impactados, onde foram definidas providências que a empresa se comprometeu a implantar com prioridade, com a retomada das obras. Recentemente, no dia 23 de agosto, a UHE São Roque aceitou pedido de realização de nova reunião para o início de setembro, porém, não recebeu resposta da Comissão."

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