Com a volta do basquete brasileiro aos Jogos Olímpicos depois de 16 anos, a principal questão que surge é em torno da presença ou não do ala Leandrinho, do Toronto Raptors, e do pivô Nenê, do Denver Nuggets, no principal evento do esporte mundial. É indiscutível que os jogadores da NBA que pediram dispensa do Pré-Olímpico de Mar del Plata podem dar qualidade à equipe. Para muitos, no entanto, quem não quis brigar pela vaga não merece aproveitá-la.
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– Não podemos pensar com o coração – alerta o ex-pivô João José Vianna, o Pipoka, que vestiu a camisa verde-amarela em três edições dos Jogos Olímpicos. – Se fosse eu, voltaria a conversar com estes meninos para ver o que está pegando, por que eles não querem jogar pela seleção. Com o coração, ninguém os quer na Olimpíada, mas temos de pensar no bem do basquete – explicou o ex-jogador.
Outro desfalque importante na Argentina foi o pivô Anderson Varejão, que conta com maior simpatia por parte dos torcedores. Além de nunca ter pedido dispensa de jogos da seleção, ele esteve na preparação e sofreu uma lesão grave no tornozelo e no pé direito, ficando impossibilitado de jogar em Mar del Plata. Pipoka acredita que o jogador será um grande reforço em Londres.
– Ele faz falta em qualquer seleção do mundo – elogia.
Lula Ferreira já treinou as seleções masculina e feminina. Experiente em lidar com jogadores da NBA, o hoje técnico do Brasília prefere não tomar posição em relação a Nenê e Leandrinho.
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– Isso será uma decisão muito pessoal do comando técnico. No caso, de Magnano. É ele quem lida com o dia a dia neste tipo de situação. Ele sabe das dificuldades e dos motivos de cada um, e pode seguir uma linha que seria contemplar quem conseguiu (a vaga) ou levar uma equipe mais gabaritada. A decisão cabe exclusivamente ao treinador – diz Lula Ferreira.
Elogios a Magnano
Não há dúvidas de que o argentino Rubén Magnano vem fazendo bem para o basquete brasileiro. Para Lula Ferreira, o comandante da seleção é um dos principais responsáveis pela volta aos Jogos Olímpicos.
– Ele conseguiu fazer um ótimo trabalho. É um técnico experiente e trouxe resultados extraordinários. Sem dúvidas, tem uma grande parcela da classificação – declarou.
Pipoka vai além. Ele diz que, ao montar uma equipe com foco maior na defesa, o técnico argentino corrige um antigo defeito do basquete nacional. O ex-pivô do Dallas Mavericks acredita que Magnano pode deixar um legado para o país, ajudando a preparar melhor o time para as competições internacionais.
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– Não é de hoje que o Brasil demonstrava sua fraqueza no sistema defensivo. O Magnano trouxe esta filosofia mais voltada para a defesa, de um trabalho solidário, e os meninos fizeram isso. Hoje a gente vê o Brasil trabalhando forte na defesa. Nunca foi assim – diz um empolgado Pipoka. – Este legado tem de ficar para valer – acrescenta.
Estruturação maior
Campeão do último NBB pelo Brasília, Lula Ferreira acredita que a liga instituída em 2008 ajudou os jogadores brasileiros a se adaptarem a torneios de alto nível. Ele lembrou o número de atletas que atuam no país entre os vice-campeões do Pré-Olímpico. Dos cinco titulares, Alex e Guilherme Giovannoni são seus pupilos no Brasília e Marquinhos, seu adversário no Pinheiros.
– O NBB está colaborando. Dos 12 jogadores da seleção, sete jogam aqui. O campeonato, por ter qualidade, coloca os jogadores no nível de jogo. O jogador se acostuma a jogar jogos difíceis, jogos bons, decisões.
Para Pipoka, a vaga nos Jogos Olímpicos não podia ter vindo em melhor hora.
– É importantíssima essa classificação para o basquete brasileiro agora que conseguimos organizar um campeonato de clubes interessante – disse o ex-pivô.
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O Brasil tem tudo para deslanchar: bons jogadores, uma seleção que finalmente passou a empolgar e um campeonato estruturado. O futuro certamente passa por uma boa participação nos Jogos de Londres. Com ou sem Nenê e Leandrinho.