O fato de o custo de proteção para um eventual descumprimento pelo Brasil de suas obrigações de dívida no curto prazo ter ficado abaixo do dos EUA pela primeira vez é considerado circunstancial. A avaliação é do economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros.
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O credit default swap (CDS) – um instrumento que indica o risco de não pagamento de obrigações financeiras – do Brasil caiu ontem para 42 pontos base no prazo de um ano, ante o custo de 49 pontos base para proteção da dívida dos EUA no mesmo prazo.
– É emblemático, mas o risco de cinco anos dos EUA ainda dá de goleada no nosso – disse Barros, em entrevista dada antes das declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Brasília, na qual ele comentou esse ineditismo das condições do crédito do país.
No prazo de cinco anos, o custo de proteção da dívida do Brasil ainda é muito mais caro. O CDS estava ontem em 108 bps, ante 38 bps no caso do custo de proteção para a dívida de mesmo prazo dos EUA.
O presidente norte-americano, Barack Obama, e membros republicanos do Congresso dos EUA estão envolvidos numa disputa acalorada sobre o limite da dívida pública com o Partido Republicano, exigindo cortes profundos em troca de qualquer acordo para elevar o limite de gastos.
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O governo dos EUA está se aproximando perigosamente da data de 2 de agosto, quando deverá aumentar o limite da dívida para poder tomar emprestado o dinheiro que necessita para pagar suas contas.
Mesmo assim, Barros observa que o risco Brasil tem melhorado.
– A percepção de solvência do Brasil é cada vez mais confirmada pela política fiscal sadia – disse Barros, destacando que, considerando a correlação entre prêmio-risco e rating da dívida, o Brasil tem potencial de upgrade ou melhor precificação de seus títulos.