O presidente do Banco Central (BC), Herinque Meirelles, disse nesta terça-feira, durante seminário em São Paulo, que o medo da crise financeira provoca um “fenômeno em cadeia” que amplia os efeitos da própria crise em outros mercados, informa o site G1.
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– O consumidor começa a ficar com medo, compra menos, o empresário começa a ficar com medo, o banqueiro também. Isso é como se dá o contágio da crise. Evidentemente, tudo isso gerou um fenômeno em cadeia – disse Meirelles.
Meirelles repetiu expressão semelhante usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, durante discurso na Itália, nesta terça, disse que existe a “crise do medo”, que faz o empresário não investir, o banco não emprestar e o trabalhador não comprar.
– Quando nós chegarmos a essa realidade, começa a crise real – afirmou Lula.
Segundo o presidente do BC, diante das notícias sobre crise em vários países, o consumidor brasileiro acaba adiando decisões de compra e o empresário, de investimentos.
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– Está todo mundo vendo televisão o tempo todo. É crise nos Estados Unidos, crise na Europa, crise no Japão, crise na China e todo mundo começa a dizer: ‘peraí’. O consumidor fala: ‘aquele automóvel que eu ia comprar, deixo para o ano que vem’. Outro ia comprar uma TV, mas aguarda mais um pouquinho. A empresa diz: ‘eu não vou fazer esse investimento’ – disse.
Taxa de juros
Questionado se poderia pré-anunciar a taxa de juros, Meirelles disse que não precisaria reunião do Comitê de Política Monetária (Copom):
– Aliás, poderíamos até tirar férias. Por que os Bancos Centrais normalmente não pré-anunciam taxa de juros até o final do ano que vem? Porque o mundo é dinâmico, muda rapidamente.
Segundo Meirelles, “a política monetária é uma política que tem por finalidade a manutenção da estabilidade”.
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– Alguns países, é o caso dos EUA, estão cortando os juros. É verdade. Mas os EUA abandonaram a preocupação com inflação? Não é verdade (…). Já existe previsão até de deflação nos EUA no final de 2009. Então, o Fed está cortando a taxa de juros porque pode e deve – afirmou.
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