Setores atingidos em cheio pela retração de crédito, como veículos e material de construção, deverão ser contemplados com novas medidas de incentivo ao consumo. Nesta semana, o governo federal deverá anunciar ações para reaquecer a economia, beneficiando segmentos que tiveram retração neste ano.
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Entre as medidas aguardadas estão reduções de taxas de juro nos empréstimos para a habitação oferecidos pela Caixa e para destravar o crédito para a aquisição de automóveis, como a liberação de parte dos depósitos compulsórios que as instituições financeiras são obrigadas a deixar no Banco Central.
Por trás das ações, está o temor do governo de que o crescimento do PIB fique abaixo dos 3% neste ano, como projetam alguns analistas. A falta de crédito no mercado é considerada a principal barreira de crescimento para setores estratégicos: materiais de construção por estarem diretamente ligados à habitação, uma das principais bandeiras do governo, e indústria automotiva, responsável por 19% do PIB industrial brasileiro.
Desde o começo do ano, os bancos restringiram os financiamentos para se proteger da inadimplência, que vem crescendo em ritmo acelerado. A cada 10 propostas para financiar pequenas obras e reformas, por exemplo, apenas duas são aprovadas, segundo relato de representantes do setor.
– Esperávamos crescer até 12% neste ano, mas se chegarmos a 6% será muito – aponta Arcione Piva, diretor de Relações com a Comunidade da Associação dos Comerciantes de Material de Construção de Porto Alegre.
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As vendas domésticas de materiais de construção no país caíram 11,3% em abril na comparação com março, conforme a Associação Brasileira de Materiais de Construção (Abramat). Setor automotivo Outra preocupação do governo é com o setor automotivo, com estoques elevados diante do aperto no crédito.
O governo já determinou que Caixa e Banco do Brasil ofereçam mais empréstimos para compra de veículos, mas outras medidas deverão ser confirmadas, como a redução de Imposto sobre Operações Financeiras.
– O problema hoje é a falta de crédito. A redução do compulsório poderá aumentar a quantidade de recursos no mercado para financiamento – aponta o presidente do Sincodiv/Fenabrave-RS, Fernando Esbróglio, acrescentando que a restrição de crédito deixou as vendas de carros estagnadas no Estado nos quatro primeiros meses do ano.
Para o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, a tentativa do governo em facilitar o crédito talvez não seja o suficiente para aquecer a economia.
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– Tende a ser medidas paliativas, já que o crescimento desacelerado é um problema da economia mundial – aponta.
Na avaliação do economista, após o estímulo ao crédito, a redução do IPI para demais setores deve ser o próximo passo a ser tomado pelo governo, já que a diminuição da carga tributária é um caminho mais longo a percorrer.