Depois da fábrica da JBS na cidade de Ipumirim ser interditada por causa do número de casos de coronavírus entre os funcionários, outro frigorífico no Oeste de Santa Catarina foi alvo de uma medida judicial nesta quarta-feira (20). A unidade da BRF em Concórdia será obrigada a fazer testes de covid-19 em todos os funcionários, conforme uma medida cautelar da Vigilância Sanitária de SC. A empresa tomou conhecimento e disse que vai cumprir decisão a partir dessa quinta-feira (21)

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O frigorífico tem 5740 empregados e já registrou 144 casos confirmados de coronavírus, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT) – que acompanha o avanço da doença nos frigoríficos da região. A BRF já tinha um termo de ajuste de conduta com o MPT, em que assumia responsabilidade por medidas para conter a contaminação no local.

Conforme a medida, a empresa deve fazer a testagem separando os funcionários em dois grupos. Inicialmente, 50% dos empregados serão afastados e submetidos aos exames com acompanhamento de profissionais da Vigilância Sanitária. Os trabalhadores com resultado positivo serão colocados em quarentena por 14 dias, enquanto os positivos sem sintomas (assintomáticos) por apenas sete dias. Após essa etapa, os outros 50% serão afastados e testados, seguindo as mesmas regras. Quem não tiver sintomas e apresentar resultado negativo para covid-19 poderá voltar ao trabalho normalmente.

Questionada pela reportagem do Diário Catarinense, a assessoria de imprensa da BRF informou, em nota, que tomou conhecimento e cumprirá a decisão a partir dessa quinta-feira (21).

"O processo de testagem para COVID-19, que já vinha sendo realizado pela Companhia, se estenderá a 4,8 mil colaboradores da unidade de Concórdia (SC), em cumprimento à determinação da Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde, na última segunda-feira", dizia a nota.

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O avanço dos casos de coronavírus em frigoríficos tem sido acompanhado com atenção pelas autoridades. Casos em Concórdia, Ipumirim e outros municípios da região Oeste já motivaram pedidos de suspensão total das atividades nas indústrias de carne. O assunto já foi debatido duas vezes em sessões da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), com visões contrárias à suspensão total.

Em reunião da Comissão de Agricultura da Alesc na segunda-feira (18), o governo do Estado afirmou que não vai publicar nenhuma portaria regulamentando a atividade dos frigoríficos durante a pandemia sem antes dialogar com o setor. Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Raquel Bittencourt, a interdição da unidade da JBS em Ipumirim foi decidida por um órgão vinculado ao Ministério da Economia, sem influência do governo catarinense.

Presidente da Comissão de Agricultura, o deputado José Milton Scheffer (PP) criticou o fechamento de frigoríficos e disse que se o setor parar "vai faltar alimentos nas gôndolas".