Apesar dos pacientes alegarem melhoras com o uso da fosfoetanolamina sintética, que era fabricada em casa por um representante comercial de Pomerode, a médica oncologista de Blumenau Lisiane Anzanello alerta que como não há testes em pessoas é um risco usar a substância sem saber ao certo as contraindicações e efeitos no organismo a longo prazo.
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Ela afirma que tem pacientes usando a fosfoetanolamina sintética, mas poucos mencionam o uso:
– Aos que falam, digo que é um risco que o paciente assume. Comercializar um novo medicamento é algo que envolve muita complexidade. Há também a resposta clínica no placebo, então tem muitas situações relacionadas ao psicológico que podem fazer efeito num primeiro momento, mas não há controle do retorno da doença.
O administrador de empresas Jonas Eduardo de Borba, 39 anos, é um dos pacientes de Lisiane que optou pelo o que ele chama de suplemento alimentar em vez do tratamento convencional de um melanoma no lábio e maxilar. O câncer foi descoberto há quatro anos e há um mês ele fez a cirurgia para tirar o quarto tumor. Entrou na Justiça e foi instruído pelo Instituto de Química de São Carlos a fazer o tratamento por cinco meses. As cápsulas chegaram pelos Correios:
– Não havia tratamento para o meu tipo de câncer. Recentemente um remédio foi disponibilizado, mas é caríssimo, e não quero os efeitos colaterais. Faz apenas três semanas que tomo o suplemento e ainda é cedo para afirmar alguma melhora, mas vou continuar tomando.
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A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica afirmou que é a favor de estudos científicos que comprovem os benefícios da fosfoetanolamina sintética, mas sem o registro da Anvisa não recomenda que os oncologistas prescrevam a droga. O presidente da sociedade, Evanius Wiermann, explica que a droga não tem os malefícios e benefícios comprovados.
– É necessário avaliar a relevância dos tratamentos alternativos. As drogas interagem umas com as outras, podendo interferir em outros medicamentos. Por isso, é importante que o médico seja informado e avalie essa interação. O paciente não deve abandonar o tratamento padrão pelo alternativo – completa.