Médicos de Joinville prometem paralisar as atividades e ir às ruas, nesta quarta-feira, em protesto contra a falta de estrutura na saúde e contra medidas do Governo Federal para a área, como o programa Mais Médicos.
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A manifestação faz parte de uma organização nacional da categoria, que mobiliza pelo menos 20 Estados e as maiores cidades de SC entre esta terça e quarta. Em Jaraguá do Sul, os médicos também vão parar. Serviços de urgência e emergência e tratamentos que não podem ser interrompidos não serão afetados, garantem os médicos.
Em Joinville, a regional do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc) estima uma participação igual ou maior a outra que ocorreu no dia 3 de julho e que reuniu cerca de 200 pessoas, entre médicos e estudantes de medicina. Tanto serviços públicos não-urgentes, como postos de saúde, quanto clínicas particulares não deverão atender durante todo o dia de hoje, de acordo com as entidades médicas.
– Temos informações de que o Hospital Sadalla e a Clínica Iotti irão parar hoje. O Hospital Regional e o PAM do Boa Vista, onde atuo, também deverão ter boa adesão à paralisação – diz a presidente da regional Norte do Simesc, Tanise Balvedi Damas.
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O ato começa às 10h30 com concentração dos médicos na sede do Simesc, no edifício Deville, no Centro, e segue para a Praça da Bandeira. Na praça, os médicos farão um trabalho de sensibilização da população sobre os problemas na saúde e também darão orientações sobre doenças.
Uma lista, no local, vai permitir que os cidadãos anotem que tipo de problema enfrentam na saúde. Ela vai virar um documento e ser entregue ao secretário municipal de saúde, Armando Dias, ao fim da manifestação.
Ao meio-dia, os manifestantes deixarão a praça e seguirão em marcha para a Câmara de Vereadores, acompanhados de carro de som. A Polícia Militar fará a segurança durante a manifestação. Na Câmara, ocorrerá uma audiência pública, às 13 horas, para tratar dos problemas da saúde e da situação dos médicos.
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Os motivos da paralisação
– Contratação de médicos estrangeiros: a polêmica está no Revalida, o exame a que profissionais formados no exterior são submetidos para atuar no Brasil. Entidades médicas do país querem que todo o médico de fora passe pelo teste antes de atender pacientes brasileiros; já o governo acena para a contratação direta.
– Lei do Ato Médico: as entidades são contrárias aos vetos presidenciais à lei conhecida como Ato Médico, que regulamenta o exercício da Medicina no país. Antes dos vetos, o texto aprovado no Congresso restringia aos médicos a prescrição de medicamentos e diagnósticos de doenças. Profissionais da saúde de outras carreiras, como enfermeiros e psicólogos, fizeram campanha pelo veto e acabaram atendidos pela presidente Dilma Rousseff.
– Investimento em saúde pública: entidades reclamam da defasagem da tabela SUS, sem reajuste há duas décadas. Segundo o Cosemesc, esse seria um dos principais motivos da ausência de profissionais no interior e também seria responsável pelas filas e sucateamento dos hospitais.
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– Carreira: entidades querem a aprovação da PEC 454, que institui a carreira de Estado para o médico. Eles comparam a classe médica a de delegados, juízes e promotores de Justiça, em que a carreira permite que tenham garantia de remuneração adequada e condições de trabalho que possibilitem o bom desempenho de suas funções.