Enquanto leciona para o curso de medicina veterinária na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), em Tubarão, o professor Joares May Júnior, de 37 anos, prepara os últimos detalhes para mais uma viagem de monitoramento de onças no Mato Grosso.
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A captura e análise epidemiológica dos felinos durante algumas semanas nas cidades de Poconé e Miranda fazem parte de seis projetos de preservação da espécie que servem de referência para várias instituições ambientais.
As viagens de pesquisa do veterinário iniciaram em 2004 no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, onde permaneceu por cinco anos. Nesse período o alvo era o lobo-guará, mas em 2008 a onça-pintada começou a tomar conta do trabalho de Joares.
– Sempre gostei de pesquisar a vida de carnívoros – explica.
Nos últimos anos foram dezenas de viagens e pesquisas em paraísos ecológicos como o Pantanal, no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e Parque Nacional Grande Sertão Veredas, entre Minas Gerais e Bahia. O monitoramento e captura para análise das onças permite criar um banco de informações que ajuda na preservação da espécie e discussões de questões como desenvolvimento do turismo ecológico e alterações no Rio São Francisco.
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– Através da coleta de sangue podemos analisar a condição de saúde do animal – diz o veterinário.
Para que institutos ambientais como o Onçafari possam receber essas informações o professor de Tubarão conta com uma equipe formada por vários colaboradores. Na próxima viagem ele vai reencontrar o amigo e biólogo de Blumenau Fernando Torquato, que há três anos vive em Poconé (MT).
Uma parte da equipe de pesquisa já iniciou os trabalhos de monitoramento das onças. Tudo isso acontece em região de matas e campos bem distantes das cidades e, por motivos de segurança, à noite o grupo fica alojado em alguma fazenda.
De acordo com Joares May, a captura da onça é feita em uma armadilha com cabos de aço especiais. O monitoramento da equipe de apoio com o uso de máquinas fotográficas automáticas ajuda a indicar a rota de passagem dos animais durante a noite, o que é fundamental para a instalação da armadilha.
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– Trabalhamos das 18h até as 6h e tentamos descansar um pouco durante o dia – comenta o professor.
Quando o sensor acusa o funcionamento da armadilha o grupo se desloca até o local para iniciar a pesquisa. Primeiro passo é colocar a onça para dormir através de dardo com tranquilizante disparado por rifle. O efeito do medicamente dura cerca de 60 minutos, tempo necessário para a coleta de sangue, registro fotográfico e demais análises que ajudam na preservação da espécie.