Ser carona de um bandido em um carro desgovernado é uma lembrança viva demais para pôr fim, já no dia seguinte, aos tremores nas mãos de um médico joinvilense de 79 anos, feito refém por um homem encapuzado durante uma hora na quinta-feira, dentro do próprio veículo.

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Ele viu sua vida ficar nas mãos do assaltante de 22 anos nos minutos em que esperava a mulher voltar do supermercado perto de casa, no bairro Iririú, na zona Leste de Joinville, no final da tarde. Seria o tempo de a esposa do médico entrar e passar as compras no caixa.

A mulher, de 60 anos, estacionou de frente para a entrada e nem tirou a chave da ignição. Bastou para que o criminoso, com uma faca de serra à mostra, abrisse a porta do Gol e agarrasse o volante. Dali em diante, o idoso virou passageiro em uma fuga que só terminaria na zona Sul da cidade.

– Nunca vi um homem com tanto ódio. Jogava o carro de um lado para o outro, não media consequências. Corria para a morte – descreve o médico.

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O roubo foi percebido por funcionários do supermercado, que chamaram a Polícia Militar. Em instantes, policiais buscavam fazer um cerco de viaturas ao carro roubado. Tudo o que o médico lembra é de ver seu veículo cruzando sinais vermelhos e tirando tinta de outros carros.

– Deus tem a mão nisso porque nenhum automóvel ficou no caminho. Parecia que a morte estava na próxima curva. Não sei quantas batidas foram – lembra.

As colisões deixaram parte da dianteira do Gol amassada. O criminoso dividia a atenção entre as rotas de fuga e ameaças ao idoso no carona. Dizia que não tinha almoçado, queria dinheiro, documentos, vasculhava o que estivesse ao alcance.

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Mesmo com o bandido na mira, os policiais militares afirmaram que não podiam arriscar um disparo que colocasse a vítima em risco. A perseguição terminou na rua Padre Roma, no João Costa, quase uma hora mais tarde. Lá, as viaturas cercaram o carro e foi dada voz de prisão ao assaltante, que foi algemado.

A PM entregou ao médico um telefone para que ele conversasse com a mulher, que aguardava notícias no outro lado da cidade. “Entrei em desespero. Pensei que o bandido pudesse tirar o dinheiro dele e depois matá-lo. Mas a polícia fez um belo trabalho, agiu na hora certa”, avalia a mulher do médico.