Um obstetra, com mais de 20 mil partos realizados, teve as atividades suspensas após decisão judicial na região Norte de Santa Catarina. O afastamento aconteceu depois que foi instaurada uma ação civil pública pelo Ministério Público para apurar suspeitas de ameaças, coação e assédio moral que teriam sido praticadas pelo médico contra servidores da unidade hospitalar.

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No inquérito policial ainda houve denúncias de que o profissional teria circulado nos corredores do hospital com uma arma à mostra. Durante as investigações, surgiram indícios de que o médico não estava apto para exercer a profissão, tanto por problemas físicos quanto por aplicar procedimentos que não são mais recomendados na medicina atual.

Em nove meses de acompanhamento, entre abril de 2017 e janeiro de 2018, o médico teria ocasionado ferimentos em cinco enfermeiros que prestavam apoio à ele durante procedimentos cirúrgicos, entre eles cesarianas. Em um dos casos, uma técnica de enfermagem teve parte do corpo queimado com um instrumento utilizado para cauterizar tecidos. Outro enfermeiro foi ferido por um bisturi contaminado durante a instrumentação de um parto.

— Em todos os procedimentos (o médico) apresenta tremores nas mãos, derrubando pinças no chão devido a ausência de força motora. Praticamente todas as técnicas, enfermeiras e outros médicos percebem essa debilidade física — atestou uma funcionária do hospital durante o processo.

Nesta semana, o profissional tentou derrubar a liminar que o afastou das atividades, alegando que o inquérito elaborado pela policia era falho. O agravo de instrumento foi indeferido pelo desembargador Luiz Felipe Schuch, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). O mérito ainda será apreciado de forma colegiada por uma das câmaras do TJ.

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O médico também precisará aguardar o laudo médico que ateste suas condições físicas para retomar aos trabalhos. O nome do obstetra e a cidade onde aconteceram os casos não foram informados pelo TJ porque o processo corre em segredo de justiça.