A Polícia Civil de Joinville fez apreensão nesta semana de remédios para emagrecer que continham substâncias proibidas na fórmula. O medicamento era usado por pacientes sem a devida orientação médica e eram vendidos como naturais. No entanto, especialista alerta para o risco da automedicação, principalmente porque grande parte destes fármacos age no sistema nervoso central. Em casos graves pode causar problemas à saúde e dependência.

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Antes de tomar remédios para emagrecer, é preciso passar por uma avaliação médica criteriosa. A endocrinologista Júlia Appel orienta aos pacientes a passar por “três peneiras” antes de fazer uso dos medicamentos.

A primeira avaliação é se existe mesmo a indicação para fazer uso do remédio ou se a obesidade pode ser tratada de outra maneira. Neste item entram análises do índice de massa corporal (IMC) e comorbidades dos pacientes. O segundo crivo diz respeito à contra indicação dos usuários as substâncias; já o terceiro é se a pessoa terá acesso ao medicamento, como a questão de valor, para dar continuidade ao tratamento.

— Nesta avaliação, sempre pesa a relação risco-benefício, ou seja, o benefício tem que ser maior do que o potencial risco ou efeito adverso — explica.

Nos casos dos remédios apreendidos em Joinville, a polícia encontrou substâncias que só são vendidas com receita médica, por ter controle especial, em um medicamento dito pelo fabricante como natural. A empresa que produzia as pílulas é de Goiás. As substâncias encontradas na perícia foram a sibutramina – utilizada no tratamento da obesidade –, bupropiona – usado para tratar transtorno depressivo – e diazepam – ansiolítico usado para diminuir a ansiedade e a tensão.

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Procura por alterativa rápida

Os remédios para emagrecer são opções para as pessoas que estão insatisfeitas com o peso e procuram um tratamento rápido à obesidade. Apesar de serem vistos como uma maneira acelerada de perda de peso, os médicos alertam que antes de iniciar qualquer tratamento com este tipo de substância é preciso realizar diversos exames, já que cada paciente é único.

A empreendedora Ana Flávia da Silva Pereira estava incomodada com o excesso de peso e resolveu procurar ajuda médica, em 2007. A mulher tentou diversas vezes emagrecer e não conseguir. Então, procurou um endocrinologista para saber o motivo de tanta dificuldade para emagrecer.

Na época, o médico prescreveu uma fórmula que continha a sibutramina – substância que age no sistema nervoso central, provocando a sensação de saciedade e o controle da fome. A empreendedora fez o tratamento com a intenção de eliminar dez quilos, mas emagreceu 24 no total. Entretanto, depois de algum tempo que finalizou o uso do fármaco, recuperou todo o peso eliminado.

— Quando a gente busca uma solução não quer que aquilo volte para o corpo da gente. Todo o medicamento que você toma para emagrecer tem esse efeito rebote — garante.

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Depois de finalizar o tratamento, Ana Flávia ganhou mais de 50 quilos, chegando perto dos 130. Mesmo receitado pelo médico, a empreendedora sofreu com vários efeitos colaterais por causa da sibutramina. Ela conta que, além do aumento do peso, também teve problemas com psicológicos e emocionais.

Substâncias pedem acompanhamento médico

A endocrinologista ressalta que o tratamento com remédios para emagrecer precisa ser acompanhado de perto por um médico já que cada paciente pode apresentar efeitos colaterais adversos e cada fármaco tem suas indicações. Além do risco individual, a associação de mais de um remédio amplificam os riscos, tanto os efeitos adversos esperados até os causados por concomitante das medicações.

A maior preocupação dos médicos é com essa mistura de substâncias que pode causar dependência no paciente. A combinação de elementos controlados foi observada nos remédios apreendidos pela Polícia Civil nesta semana. A combinação pode trazer danos graves à saúde. Em Joinville, a investigação da polícia começou justamente depois que uma mulher precisou ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), após fazer uso do medicamento.

— Cada remédio tem o seu efeito colateral. Por exemplo, a sibutramina – que é o único moderador de apetite aprovado pela Anvisa no Brasil – pode gerar aumento da pressão arterial ou taquicardia em alguns pacientes. Já bupropiona, a maior preocupação é com o limiar de convulsão, alguns pioram a ansiedade e a insônia. No caso do diazepam pode diminuir reflexo, dar sonolência e o risco de dependência — menciona a médica.

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No caso da Ana Flávia, as dificuldades para emagrecer estavam relacionadas a outros fatores, Depois de diversos exames, ela descobriu que não conseguia eliminar peso por causa de um desequilíbrio hormonal. Atualmente, a empreendedora trata a doença e busca outros meios para chegar ao peso desejado, sem fazer a utilização de medicamentos.

— A medicação traz um beneficio imediato, mas provisório. Se não tiver uma forma de manter isso, não vai adiantar — conclui Ana Flávia.

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