Na guerra contra a facção criminosa, pelo menos 36 prisões foram efetuadas pelas polícias Civil e Militar, e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), desde o começo dos atentados, há 10 dias.
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A média é de quatro detenções a cada 24 horas. São jovens, reincidentes, envolvidos com tráfico de drogas, roubos e furtos.
Ao longa da semana, houve prisões em praticamente todas as regiões do Estado. Mesmo assim, os ataques não cessaram.
Na sexta-feira, a Polícia Civil prendeu em Gaspar, no Vale do Itajaí, duas pessoas. Juliano Braz de Oliveira, 18 anos, é suspeito de ser uma espécie de contador do Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
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Na casa dele, foram apreendidos droga e um caderno com anotações referentes ao pagamento do dízimo dos criminosos, ou seja, uma mensalidade que era cobrada dos integrantes da quadrilha ou de seus familiares.
A lista de prisões a que o DC teve acesso mostra pessoas detidas também em Florianópolis, São José, Itajaí, Camboriú, Joinville, Rio do Sul, Criciúma e Chapecó.
Os antecedentes dos presos chama a atenção. Há crimes de todos os tipos, desde os mais violentos, como assaltos e homicídios, a outros como estelionato, furto e posse de drogas.
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As polícias admitem que o feriadão de Carnaval será a prova de fogo para o fim ou não dos atentados. Leva-se em conta o consumo de drogas e álcool, e as aglomerações. Fora do contexto dos ataques, esse período também costuma ser de violência entre grupos rivais que acabam se encontrando nos dias de festa.
Enquanto isso, a força-tarefa continua mobilizada com investigação mais aprofundada sobre a facção.
Policiais acreditam que o monitoramento, cujos detalhes estão sendo preservados, deverá apontar resultados mais expressivos, principalmente nas prisões de cabeças do bando.
Ainda estão na mira os supostos colaboradores, aqueles que levam informações de criminosos de dentro das prisões para os que estão nas ruas, cuja coleta de provas é considerada mais difícil e demorada.
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ENTREVISTA: Nazareno Marcineiro, comandante-geral da PM
“Este fim de semana será a nossa prova de fogo”
Além dos criminosos da facção, há preocupação com vandalismo e aproveitadores, disse o coronel Nazareno Marcineiro nesta sexta-feira, por telefone:
Diário Catarinense – Qual o perfil dos presos?
Nazareno Marcineiro – Há uma preocupação com a quantidade de menores e a impunidade. Isso acabou ficando evidente. Eles são recrutados por criminosos da ponta.
DC – São reincidentes?
Nazareno – Há todo tipo de gente. Mas o fato é que a polícia está na rua. Teve casos que conseguimos pegar os criminosos com os artefatos na mão.
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DC – Houve algum tipo de avanço das polícias sobre os ataques de novembro em relação às prisões?
Nazareno – Sem dúvida. Conseguimos uma comunicação expressiva, nos instrumentalizamos para chegar a essas prisões de agora, estudando o caso de como os policiais podem atuar.
DC – Por que mesmo com as prisões os ataques não cessaram?
Nazareno – Há um problema na rua maior que o de fato é. Temos um monte de casos divulgados pela mídia que não são atentados.
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DC – O senhor se refere a vandalismo?
Nazareno – Há vandalismo e aproveitadores agindo. Em Tubarão, teve o caso de uma mulher que brigou com o marido e ateou fogo no carro em vingança. Em São Miguel do Oeste, duas empresas que concorriam numa licitação brigada e um deles ateou fogo no micro-ônibus para tentar levar vantagem. Teve outro caso de caminhões que estavam há oito meses parados ao relento, botaram fogo e entrou como atentado.
DC – Acredita que os ataques vão parar?
Nazareno – Esse fim de semana será a nossa prova de fogo.