Por email, o agente internacional Miguel Henrique Crispim, que atualmente mora em São Paulo e é responsável pelo desenvolvimento da modelo Amanda Griza, no exterior, conversou com a reportagem do Diário Catarinense sobre o episódio da prisão da jovem de 19 anos, na China.

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Ela ficou 17 dias na prisão sem contato com a família. Ele conta que há 10 anos trabalhando como agente internacional nunca passou por situação parecida. Ele está em contato com a família da modelo e diz ter feito tudo para que ela fosse liberada o quanto antes.

Confira a entrevista completa:

DC-Qual sua opinião sobre o que aconteceu com as modelos presas na China?

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Miguel Crispim – Foi um susto muito grande o ocorrido, nunca imaginei que isto iria acontecer com uma modelo que estava sobre minha responsabilidade e nunca havia visto uma situação parecida, foi realmente surpreendente e muito triste.

DC-Você como empresário já viu modelos passarem por situações semelhantes?

Miguel Crispim – Em 10 anos atuando como agente internacional nunca aconteceu nenhuma situação semelhante.

DC-Qual seu conselho para as modelos que são convidadas para trabalhar no exterior?

Miguel Crispim – Sempre viajar por meio de agências ou agentes conhecidos e de confiança, para que em situações semelhantes tenham a quem recorrer e a quem zelar pelo seu bem estar e soluções de todos os seus problemas.

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DC-Você é o responsável pelo agenciamento da modelo Amanda Griza na China?

Miguel Crispim – Sou responsável pelo desenvolvimento internacional da modelo, o agenciamento e representação da modelo na China é de uma agência chinesa). Represento a Amanda há algum tempo e toda ou qualquer movimentação feita a favor da Amanda, é em comum consentimento.

DC- Ajudou Amanda a solicitar o visto?

Miguel Crispim – Sim, o visto chinês foi retirado este ano com a validade para 6 meses de permanência. Foi solicitado na embaixada da China em São Paulo para que permitisse a Amanda trabalhar durante o período de contrato com a sua agência representante na China. O consulado forneceu o visto de BUSINESS e a Amanda em todo momento expressou que iria viajar a trabalho e inclusive nos seus documentos entregues ao consulado constavam, era modelo atuante no Brasil e que iria para trabalhos na China.

DC-Ela disse que tinha o visto de Negócio. É comum, pra este tipo de trabalho, as modelos solicitarem este visto ao invés do visto de Trabalho?

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Miguel Crispim – Sim. Como havia dito, a Amanda retirou o seu visto de Business no consulado da China em Sao Paulo. Quando os modelos viajam para China a trabalho, não são cedidos e nem necessário o visto de trabalho, apenas o Business se faz suficiente.

DC-Você se sente de alguma forma responsável pelo que aconteceu a Amanda?

Miguel Crispim –Me sinto responsável pelo bem estar da modelo e não pelo o que aconteceu, pois eu estive o tempo todo em contato com sua família e até mesmo com a Amanda, quando era possível. Entrei em contato com entidades governamentais e fiz tudo o que estava ao meu alcance para que ela fosse liberada e trazida ao Brasil o quanto antes. Essas situações são quase inexistentes e como havia dito, em dez anos de trabalho, essa foi a primeira vez que vi e passei junto com uma modelo por esta situação.

DC-Você postou em sua página pessoal no Facebook um texto sobre o que aconteceu com as modelos na China: “…Nós profissionais da moda/agentes/agências de modelos (afetados direta ou indiretamente por isso) estamos querendo nos solidarizar em prol de ajudar a liberar esses modelos prejudicados e a melhorar as condições dos modelos na China em geral”.

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Em sua opinião o que poderia ser feito para evitar que estes problemas se repitam?

Miguel Crispim – Infelizmente, este foi um caso único e não há muito o que ser feito, uma vez que estes problemas superam as barreiras da moda e publicidade e passam a ser problemas internos da agência de modelos chinesa, que está sendo investigada por estarem pendentes com as leis chinesas e mais uma vez, infelizmente, isso foge do controle de qualquer agente internacional, pois a empresa, considerada a maior e melhor de gerenciamento de carreiras na China, jamais iria passar a um fornecedor seus problemas internos e a sua desregularização com o governo Chinês.