Os primeiros sinais de que havia algo errado com o telhado Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (Sama) foram sentidos por volta das 9 horas desta quinta-feira (28). Cerca de 40 pessoas estavam no prédio e já haviam iniciado a jornada de trabalho no setor, quando ouviram os estalos. Pouco a pouco, telhas, gesso e pedaços de madeira começaram a cair e dividir espaço junto a computadores, pastas e ofícios.

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Técnicos vão apurar causa do desabamento do telhado da Sama em Joinville

Metade dos servidores municipais conseguiu fugir a tempo, antes dos escombros caírem. Outros se esconderam embaixo das mesas para se proteger. Uma trabalhadora chegou a ficar presa embaixo da pilha de escombros, ela só conseguiu sair quando a primeira equipe de resgate dos bombeiros chegou – cerca de quatro minutos depois do acionamento na corporação.

— Eu trabalho bem no fundo e vi que não ia dar tempo de correr. Eu me joguei no chão e esperei pra morrer, foi horrível. A mesa que impediram de me atingir, mas se desabasse por completo íamos morrer todos ali – contou a servidora Elizete Chagas, em entrevista a NSC TV. Apesar do susto, ela não se feriu.

Elizete conseguiu sair depois que os bombeiros chegaram ao prédio e retiraram parte dos escombros do caminho. A servidora engatinhou por baixo das mesas até encontrar a saída.

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20 pessoas foram atingidas

Onze pessoas precisarem ser encaminhadas a hospitais do município, todos em estado estável por causa de ferimentos leves. Sete precisaram passar por atendimento. Segundo os bombeiros, uma engenheira teve traumatismo craniano, e outros servidores fratura no pé e lesão na coluna. O desabamento de parte da cobertura atingiu o primeiro andar do prédio, alugado pela prefeitura há cerca de dez anos. Os servidores também disseram que já tinham avisado à direção da Secretaria sobre a situação precária de algumas estruturas do prédio.

Conforme os servidores municipais, há quase três anos o imóvel passou por manutenção causada por goteiras e há três semanas ocorreu uma infiltração no gesso ocasionada por vazamento em uma das cinco caixas d'agua do prédio.

— Nós solicitamos à direção que pedisse para a Defesa Civil vir olhar o prédio, nós (os funcionários) já tínhamos alertado para a situação da construção — afirma Fausta Maria Milhoreto.

Com a queda da estrutura, as paredes que foram escoradas com postes de madeira para evitar novos acidentes.

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Manutenções estavam em dia

O município informou que as manutenções prediais são realizadas conforme demandas enviadas ao proprietário do imóvel. Além disto, o município renova o contrato de aluguel anualmente, em maio, e garantiu que solicita a documentação de regulação – vistorias e certificado de manutenções – ao proprietário.

— Todos os registros de vazamentos ou problemas ligados ao prédio já eram relatados ao proprietário e havia constantemente a manutenção no prédio — afirma Diego Rosa, gerente de comunicação da prefeitura.

Já a empresa proprietária do imóvel, Biancaluna Empreendimentos e Participações, informou que as manutenções são feitas conforme cronograma estabelecido. A empresa afirmou, por meio de nota, que as ações estão em dia e registradas na Secretaria de Patrimônio. Já as manutenções pontuais são solicitadas pela Sama e executadas pela empresa. A empresa ainda afirmou que as licenças e alvarás estão em dia.

Sindicato dos servidores acompanha situação

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej) acompanha a situação do desabamento do telhado. Conforme o presidente, Ulrich Beathalter, o sindicato tem denunciando a precariedade das estruturas públicas no município. Um dos casos envolveu o Centrinho Luiz Gomes, que teve atividades paralisadas por causa de infiltrações e goteiras.

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Outro caso aconteceu na Policlínica Boa Vista, em 2016 e 2017, quando o local também enfrentava goteiras, infiltrações e rachaduras e havia risco de desabamento. Além disso, o sindicato também presta apoio aos servidores da Sama. A sugestão do é a realização de uma reunião para discutir medidas de responsabilização e também de segurança no local onde a secretaria for reaberta.