Duas funcionárias foram indiciadas nesta terça-feira (2) pela Polícia Civil por tortura, chantagem e agressão contra 22 crianças entre um e seis anos de idade que frequentavam uma creche de Florianópolis. Uma criança com deficiência teria apanhado nua e um cobertor teria sido usado para abafar o choro de outra vítima. 

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Segundo o delegado Luís Fuentes, que está à frente do caso, as mulheres respondem em liberdade, e o inquérito segue para a Justiça, que decidirá se aceita a denúncia ou não. Ele conta que 35 pessoas foram ouvidas na investigação do caso. 

Elas foram indicadas pelos crimes de maus-tratos, exposição a constrangimento, lesão corporal, injúria e torturas física e psicológica. O delegado afirma que a investigação apurou que as agressões ocorriam há pelo menos três anos. 

Na condição de anonimato, professoras denunciaram o caso à NSC TV, segundo elas, a proprietária do local era a responsável pelas agressões. Em uma das ocasiões, a funcionária afirmou que a dona da creche teria punido um menino com deficiência, que ainda se acostumava a não usar fraldas, por ele ter feito cocô enquanto dormia.

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— Teve uma vez em que ele estava dormindo e, quando acordou, fez cocô dentro da sala onde estava dormindo. Eu lembro que ela, a dona do colégio, ficou totalmente fora de si. Ela levou ele para a rua, estendeu o lençol, acredito que para a câmera não pegar o que estava acontecendo, deixou ele pelado e bateu nele com chinelo — disse.

A professora afirmou ainda que a proprietária da creche jogava fora os remédios de outro aluno também com deficiência que deveria fazer uso contínuo deles. A criança ficava o tempo todo no celular, atrás da mesa da dona da unidade escolar.

Ela ainda reforçou uma denúncia já feita por outras ex-funcionárias da creche e pelos pais das crianças, de que o local ofertava pouca comida para as crianças.

A creche está interditada desde 6 de julho. 

Creche fala em “fake news”

As primeiras denúncias sobre a creche, que vieram a público na segunda (4), foram acompanhadas de vídeos em que uma mulher aparece tentando abafar o choro de uma bebê com uma coberta. Sem conseguir acalmá-la, ela xinga a criança.

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A Creche Bem-Me-Quer, alvo das investigações, se manifestou sobre o caso em 3 de julho por meio dos advogados de defesa. Em nota, o estabelecimento chamou a denúncia de “fake news” e que “não reconhece a validade das imagens divulgadas, declarando que fica a disposição para prestar eventuais esclarecimentos”.

Assista ao vídeo da agressão

Já na ocasião, a defesa da creche negou a veracidade do vídeo.

No comunicado, diz ainda que não houve qualquer ato ilícito nas dependências da escola, que o local esteve em funcionamento desde 2016 sem receber reclamações e que a direção está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.

Afirmou também que a creche sempre contou com cozinheira própria e acompanhamento nutricional para atender os alunos.

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