Com os dedos, Mauro Mariani percorreu o braço da esposa, sentada ao seu lado, até repousar a mão esquerda entre as mãos de Cinthya e apertá-las. Com mais de 60% das urnas apuradas em Santa Catarina, ele estava, neste momento, praticamente 150 mil votos atrás do segundo colocado nas eleições para o governo de Santa Catarina. O candidato do MDB liderou as pesquisas e tinha viva a esperança da presença no segundo turno. Chegou a falar sobre ela com irretocável confiança quando deixou a escola Giovani Pascoalini Faraco, em Joinville, após votar pela manhã. Mariani manteve a mão agarrada nas da mulher enquanto pôde. No entanto, teve de abandoná-las para admitir a derrota.
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Ele não foi para o segundo turno. Também presidente do partido, restou a Mauro Mariani ser o porta-voz do MDB.
– Vamos nos reunir em breve para tomar uma decisão de partido. A decisão é coletiva. Vamos nos posicionar em Santa Catarina, não tenha dúvida. O que houve foi um tsunami no Brasil chamado Bolsonaro, o que puxou os candidatos do partido, incluindo ao governo – declarou pouco antes de afirmar que vai deixar a vida pública após as eleições para se dedicar à família.
A promessa foi acompanhada do sorriso com o qual chegou ao local de votação mais cedo e que tentou sustentar na face sisuda, característica da origem italiana, enquanto os números da apuração indicavam que não avançaria. E recorreu a ele para saudar os jornalistas ao falar sobre a derrota. Um sorriso tomado de empréstimo do vice Napoleão Bernardes (PSDB). Usado na campanha e vez ou outra nos cinco minutos em que foram concedidos para a imprensa registrar imagens dele no decorrer da contagem dos votos.
Com ele no rosto, agarrou as mãos da esposa com força, na tentativa de evitar que o segundo turno escorresse por entre os dedos.
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