A popularidade do empresário roqueiro Elissandro Spohr, 30 anos, o Kiko, ofuscou a participação na tragédia da boate Kiss do seu sócio Mauro Hoffmann, um tradicional empreendedor da noite de Santa Maria. Muito embora esteja longe dos holofotes, Hoffmann, 47 anos, é apontado como o homem que organizou o sistema de cobrança dos clientes da boate e de ter concordado com as obras clandestinas feitas pelo sócio, responsáveis pela morte de 241 pessoas durante o incêndio da boate.

Continua depois da publicidade

A tese da defesa do Hoffmann é de que ele é apenas um investidor, sem envolvimento na administração. A versão de ex-colaboradores dos sócios, porém, que estão presos na Penitenciária Estadual de Santa Maria, é diferente. Zero Hora conversou com uma pessoa muito próxima aos dois empresários, que falou com a condição de que seu nome fosse omitido.

Em setembro de 2011, apesar do movimento de clientes, o negócio não estaria dando lucros. A primeira medida administrativa de Hoffmann, que teria investido R$ 500 mil na boate, foi organizar a cobrança.

Mandou instalar cinco caixas registradoras, sendo que duas delas operavam com cartão de crédito, onde se formavam filas na hora do pagamento, e outras três caixas que só operavam com dinheiro – nas quais o tamanho da fila era menor. Também foi instalada barra de ferro na porta para não permitir que as pessoas que saíssem para fumar fossem embora sem pagar.

Hoffmann teria colocado também homens de sua confiança para controlar a quantidade de bebida que era vendida e os estoques. No dia 30 de janeiro, a irmã de Kiko e proprietária da Kiss, Angela Callegaro, em seu depoimento, disse que as decisões na administração da boate eram compartilhadas entre os dois sócios:

Continua depois da publicidade

– O Elissandro (Kiko) não administrava sozinho. Todas as decisões e assuntos importantes eram objeto de diálogo entre Elissandro e Mauro (Hoffmann), uma vez que este último também tinha poder de decisão na sociedade. (…) A relação entre eles era boa e havia intimidade entre ambos, no que se refere à sociedade da boate Kiss – disse Angela, em depoimento.

20 anos de experiência

Na investigação policial, Hoffmann é apontado como participante ativo da administração da Kiss.

– Kiko tomava as decisões do cotidiano, mas todas as reformas foram feitas com a anuência de Mauro, que tem 20 anos de experiência no ramo – afirma Sandro Meinerz, um dos delegados encarregados do caso.

Conforme o advogado Mario Cipriani, defensor de Hoffmann, o empresário não tinha gerência sobre a administração da Kiss. A atenção dele era voltada para a boate Absinto, cujo fechamento foi anunciado esta semana. Referindo-se à forma supostamente isolada como Kiko administrava a boate, Cipriani falou citando um e-mail trocado entre os dois:

– Ele (Kiko) não pede autorização para aumentar o preço. Informa que irá aumentar.

Clique aqui

Clique aqui