O mau cheiro exalado pela Estação de Tratamento de Esgoto Insular, percebido por quem passa pela entrada da Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, está com os dias contados. É o que afirma o diretor de operação e expansão da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), Fábio Krieger. Segundo ele, o forte odor é provocado pelo atraso nas obras no local. Para resolver o problema, a companhia pretende fazer uma reparo na estação nos próximos 60 dias.

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A companhia afirmou que entregaria, ainda nesta terça-feira (30), uma última notificação ao Consórcio Trix/Infracon, empresa vencedora da licitação, responsável pela obra de ampliação da ETE Insular. A decisão de rescindir o contrato teria sido tomada tanto pelo fato de a empresa não ter iniciado a obra, quanto em razão do mau cheiro no local.

— Como dentro da obra está prevista a ampliação e melhoria da estação, que inibiria esse cheiro, a Casan agora está sendo prejudicada duplamente pelo consórcio: por não executar a obra e pelo problema do mau cheiro gerado pelo atraso, porque a gente já teria condições de ter isso resolvido — diz.

Krieger diz que a estação tem dois tanques de aeração, responsáveis por transferir oxigênio para a água em tratamento. Um dos tanques teve de ser desligado para a execução de um reparo necessário para evitar problemas com o meio ambiente, segundo ele. Ainda conforme o diretor de operação, o mau cheio é exalado devido ao fato de a estação estar funcionando com apenas um tanque.

— Tem muito esgoto em um tanque só, então teria que dividir em dois tanques. Esse excedente que está no tanque 1 é o que está gerando esse cheiro — explica.

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A reforma deveria ter começado no início do ano, porém, conforme Krieger, o consórcio vencedor levantou uma série de questões em janeiro, alegando que precisava de mais recursos dentro do contrato para executar o projeto.

— Conforme previsto na legislação, a gente já notificou eles [o consórcio] cinco vezes e agora vai ser a notificação final, estabelecendo prazos para que eles iniciem ou a Casan já rescinde unilateralmente e aplica as punições — afirmou.

Se confirmada a rescisão do contrato, Krieger afirma que a nova licitação será lançada em 60 dias. O processo tem prazo de 180 dias para ficar pronto e está previsto para ser concluído no final deste ano. Após ser iniciada, a obra terá duração de três anos e meio. Assim que concluída, a estação terá sua capacidade ampliada, passando a tratar 612 litros por segundo — atualmente são tratados 296 litros por segundo.

Consórcio afirma que propôs mudanças por questões de segurança

A assessoria do consórcio formado pelas empresas Trix e Infracon afirmou que em nenhum momento desistiu de executar o processo licitatório por problemas na estrutura. De acordo com o consórcio, foram constatados problemas de deterioração na estrutura da ETE Insular, que motivou a contratação de uma consultoria especializada em análise de estruturas e fundações.

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O relatório teria sido entregue à Casan no dia 12 de março, mas, conforme a assessoria das empresas, a companhia não teria entrado em contato para debater tecnicamente a proposta apresentada.

"Se a obra for iniciada conforme os projetos originais licitados pela Casan em setembro de 2018, há um enorme risco, para não dizer certeza, de que haverá colapso das estruturas já existentes, causando profundo dano ambiental para a população local, por ter seu ambiente inundado por esgoto bruto. Durante o estudo, a consultoria descobriu que, em 2012, professores da UFSC já haviam feito um estudo que levava às mesmas conclusões e, mesmo tendo em mãos o estudo, a Casan não abriu tais informações durante o processo de licitação. O relatório técnico da UFSC está dentro do estudo apresentado pelo Consórcio", disse por meio de nota.

As empresas afirmam ainda que as mudanças solicitadas pelo consórcio prevem aumento de R$2 milhões em relação ao valor inicial, correspondendo a 2% da obra. Além disso, segundo assessoria do consórcio, o prazo proposto para conclusão permanece o original contratado, não sendo necessária a ampliação.