Após uma passagem traumática por Hollywood, o cineasta francês Mathieu Kassovitz retornou para casa e deu a volta por cima realizando um de seus melhores trabalhos: A Rebelião (L?Ordre et la Morale, 2011), em cartaz a partir desta sexta-feira em Porto Alegre.
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Seguindo uma tônica dominante do cinema francês contemporâneo, o longa-metragem tem como tema conflitos decorrentes do passado colonialista daquele país. Este passado, no caso, ainda é presente, pois o cenário da tensão é a Nova Caledônia, território da França encravado em um arquipélago da Oceania.
O filme reconstitui um episódio real ocorrido em 1988, quando 30 policiais franceses foram feitos reféns por um grupo que lutava pela independência da Nova Caledônia. Na trama, cerca de 300 militares de uma força de elite são enviados à região para interceder no conflito, liderados pelo capitão Philippe Legorjus (o próprio Kassovitz). O episódio, que se dá um meio à eleição presidencial na França, disputada por François Mitterrand e Jacques Chirac, acabou entrando na pauta do grande debate político nacional.
O tema não é novo na filmografia de Kassovitz. Em 1995, ele ganhou o prêmio de direção no Festival de Cannes com O Ódio, no qual abordou com grade impacto – e de forma premonitória – a tensão social e racial na periferia de Paris que culmina numa onda de violência protagonizada por jovens imigrantes. Trilhando carreira também como ator (em Amém, de Costa-Gavras, e Munique, de Steven Spielberg, entre outros),
Kassovitz foi tentar a sorte em projetos comerciais nos EUA. Passou batido com o fraco Na Companhia do Medo (2003) e se deu muito mal em Missão Babilônia (2008). Após brigar com os produtores que interferiram diretamente na realização da ficção científica estrelada por Vin Diesel, o diretor recusou-se a promover o filme, alegando que quase nada de sua mão havia nele.
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Com A Rebelião, Kassovitz retomou as rédeas de sua carreira e a colocou outra vez no caminho certo.