Classificado para a segunda eliminatória dos 110m com barreiras, Matheus Inocêncio fez história nesta terça, dia 24, simplesmente ao participar da classificatória da prova, no Estádio Olímpico de Atenas. Tornou-se o primeiro brasileiro a disputar os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno, já que participou como pusher (empurrador de trenó) do bobsled de quatro integrantes em Salt Lake City/2002.
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– Fico feliz por ter tido essa oportunidade. Agradeço ao Eric e ao Marcelo por isso – disse o atleta, referindo-se ao presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), Eric Maleson, e a seu técnico de atletismo, Marcelo Lima.
O primeiro contato do barreirista com o esporte de inverno ocorreu em 2001. Maleson reunia atletas para a disputa do bobsled em Salt Lake e, entre eles, estava Christian Bone, amigo de Matheus. Christian torceu o tornozelo jogando basquete e indicou o amigo a Eric. No dia 27 de novembro, em Calgary, no Canadá, Matheus correu pela primeira vez num bobsled.
– Lembro bem dessa experiência. Minhas malas foram extraviadas, fiquei uma semana inteira sem roupa para frio. Mal podia sair da vila onde estava. A neve batia na minha cintura – conta o atleta, de 23 anos.
Depois dos Jogos de Inverno, o objetivo do brasileiro passou a ser garantir o índice para Atenas. Agora, na capital grega, seu objetivo é chegar à final dos 110m com barreiras. Nesta terça, ele deu o primeiro passo para isso, marcando seu melhor tempo do ano e o 16º das eliminatórias (13s45), ficando em segundo na sua série – vencida pelo colombiano Paulo Villar, com 13s44, e tendo o norte-americano Allen Johnson em terceiro, também com 13s45. Com isso, Matheus se classificou para a segunda fase eliminatória, que será disputada nesta quarta, dia 25.
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No final do ano, Matheus viaja rumo à disputa de uma etapa da Copa do Mundo de bosbled, novamente em Salt Lake City, e participa da pré-temporada do ano que vem para buscar o índice para os Jogos de Inverno de Turim/2006. Em Salt Lake/2002, o Brasil ficou em 27° lugar, à frente de equipes mais tradicionais, como a de Mônaco, pilotada pelo príncipe Albert. Para conquistar a vaga, os brasileiros precisam cumprir seis etapas da Copa sem tombar e ficar entre os 10 primeiros colocados.
– Acho que conseguiremos a vaga, com uma nova formação. O Ricardo Raschini, que competiu no luge em Salt Lake, é o novo piloto, no lugar do Eric. O Rodrigo Palladino saiu do bobsled de dois integrantes e entrou no nosso time também – explicou.