A superlotação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Maternidade Darcy Vargas (MDV), em Joinville, chegou novamente a um nível crítico nesta sexta-feira. No último fim de semana, a UTI já havia ficado superlotada e ontem a equipe médica voltou a ter que improvisar para atender à demanda. No fim da tarde de ontem, a UTI Neonatal, que tem apenas 10 leitos, acolhia 14 recém-nascidos em estado grave. Além disso, o número total de bebês internados, contando com aqueles que estão na ala de médio risco, chegava a 33 bebês internados, quando a capacidade máxima da unidade é de 27.
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– Não tenho equipamentos nem equipe para cuidar de tantos bebês, então a assistência acaba ficando comprometida e o risco de infecção hospitalar também acaba aumentando -, salienta a coordenadora de enfermagem da MDV, Carla Vaichulonis.
– Conseguimos transferir um bebê à tarde para Jaraguá do Sul, mas de acordo com o Samu não há mais nenhuma vaga nas unidades da rede pública para realizar transferências -, conta.
Segundo ela, quando isso acontece, o Samu deveria acionar hospitais particulares aqui da região.
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– Só que na prática isso não acontece, porque o Estado já tem uma dívida com esses hospitais por não pagar pelo serviço -, reclama a funcionária.
Segundo o coordenador médico do Samu em Joinville, Niso Balsini, realmente não há mais vagas de UTI Neonatal na rede pública de saúde do Estado. E o Samu depende de uma autorização da Regulação Estadual para realizar a transferência de bebês para leitos em hospitais privados.
– Mas, até o momento, não recebemos nenhuma autorização -, disse o médico, ontem, por volta das 20 horas.
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O problema, segundo a coordenadora de enfermagem da UTI Neonatal da MDV, é que os bebês não podem esperar e a situação da unidade tende a se agravar. Segundo Carla, na noite de sexta-feira, duas gestantes estavam prestes a dar a luz a bebês prematuros, que terão que ficar na UTI.
– Vamos ser obrigados a priorizar os casos mais graves e tirar os bebês que estão na ala de médio risco do monitoramento e da incubadora antes do tempo previsto -, explica a enfermeira.
E para piorar ainda mais as condições de atendimento, nos próximos dias a equipe de enfermagem deve ficar desfalcada em virtude do feriado de Páscoa.
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– Estamos com dois, em vez de três pediatras na UTI, e a equipe de enfermagem, composta por 12 funcionários, amanhã contará com apenas 11. Para o domingo, então, não consegui fechar a escala e vamos ficar com três enfermeiros a menos. É muita tensão, porque não conseguimos dar a atenção necessária a cada caso e se alguma coisa acontecer, podemos ser responsabilizados -, reclamava.
Quem está com um filho recém-nascido na UTI, fica ainda mais preocupado, vivenciando o drama da superlotação e a correria da equipe.
– A gente que é mãe sente que os funcionários se desdobram, mas não podem dar a atenção necessária para todos os bebês -, diz Maiara de Jesus Pogan, mãe da pequena Desirêe Cristine da Luz, que está na UTI Neonatal desde o dia 22 de março.
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– Com os médicos, a gente não consegue falar porque eles estão sempre tendo que atender os bebês que chegam -, reclama Maira, preocupada com a filha que nasceu prematura, com 29 semanas e três dias de gestação, e ainda não tem previsão de alta.