Entre os anos de 2000 a 2002, cerca de 100 jovens, entre 16 anos e 25 anos, foram assassinados em comunidades da Grande Florianópolis. A maioria, em morros da região central.

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Muitos dos homicídios ocorreram em pleno dia, causando medo e assustando a população da Capital. A polícia apontava, na época, uma guerra entre duas quadrilhas pelo domínio de pontos de venda de droga: a de Sérgio de Souza, o Neném da Costeira, e a de discípulos do carnavalesco João Vitório da Fonseca, o Baga.

Após 15 anos, policiais experientes associam o conflito sangrento como algo que pode estar se repetindo em Joinville, com personagens diferentes, mas também tendo como impulsionador a disputa pelo rentável negócio do tráfico de drogas.

— Isso que está acontecendo agora em Joinville, essas mortes na disputa entre facções por pontos de tráfico, é o mesmo que aconteceu em Florianópolis nos anos 2000 e que a polícia conseguiu dar a resposta com a criação da Delegacia de Homicídios — compara o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Nitz.

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No caso da Capital, a cidade era considerada tranquila pelas autoridades. Por outro lado, a Polícia Civil sofria com a falta de estrutura e pessoal para identificar e punir os responsáveis pelas mortes, gerando a sensação de impunidade.

O assassinato de Baga, em 16 de agosto de 2000 na Avenida Mauro Ramos, teria motivado os conflitos seguidos da matança. Para a polícia, comparsas de Neném da Costeira buscavam eliminar rivais para ter o controle dos locais, enquanto os de Baga lutavam para não perder as posições.

Em Joinville, ainda não há clareza sobre os líderes que estariam por trás dos homicídios.

O que se sabe é que são duas quadrilhas, talvez ainda mais poderosas: o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e o Primeiro Grupo Catarinense (PGC), este responsável pelas ondas de atentados que aterrorizaram Santa Catarina em 2012, 2013 e 2014.

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Boa parte das mais de 100 mortes no ano em Joinville teriam algum tipo de ligação com elas, conforme apontam policiais, o Ministério Público e o Judiciário.

Depois de dominar presídios no Paraná, o PCC busca ampliar domínio no Norte catarinense, onde até então o comando era do PGC. Só que o bando de SC teve os seus principais líderes presos desde 2013, o que abriu um vácuo no domínio do crime.

Conflito também causa mortes na Capital

A preocupação das autoridades é que a violência entre as facções se espalhe ainda mais pelas cidades do Estado. Em Florianópolis, conforme investigadores, cerca de 10 assassinatos na comunidade Chico Mendes, parte Continental da Capital, também estão relacionados ao confronto PCC x PGC em 2015.

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Prevista para ser criada em breve em Joinville, a criação da Delegacia de Homicídios pode ser um alento. Nos últimos anos, a da Capital tem alcançado resultados significativos na resolubilidade dos crimes. Este ano, mais de 60% deles foram solucionados e já houve ano em que a média de solução alcançou mais de 90% dos crimes.