Quando morei pelo interior do Rio Grande do Sul e a chuva não chegava na época certa, os agricultores começavam a se desesperar com a possível perda das plantações e os padres organizavam procissões e novenas pedindo a Deus que mandasse chuva para molhar a terra esturricada. E as crianças cantavam nas praças e pátios: “Chuva vai, chuva vem, chuva miúda não mata ninguém…”.
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E Deus, conforme seu cronograma de trabalhos, às vezes atendia, em outras não. Também, vejam só, era tanta gente pedindo água que, se atendesse a todos, causaria uma enorme enchente, e aí não sei o que seria pior.
Estas e outras conversas eu ouvia muito curiosa, afinal, queriam ou não que chovesse? Muito tempo depois aprendi que não se deve pedir nada fora do nosso alcance, pode ser que venha a mais ou a menos, e aí a coisa fica muito séria. Também achava que Deus era justo e mandaria para quem mais precisasse, pois de um jeito ou outro, as pessoas nunca ficam satisfeitas.
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Voltei a morar em Porto Alegre e nunca mais vi procissão pedindo chuva. As pessoas das cidades grandes são mais descrentes. Mas também agora temos televisão, computador e tantas coisas científicas para falar do tempo e mostrar as desgraças no momento em que acontecem, que acho que as procissões pedindo água não são mais necessárias.
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Esta história deveria ser aplicada também aos políticos para que não façam promessas que de antemão sabem que não vão cumprir, e aos eleitores que não votem em qualquer um que se faça melhor que os outros, o tiro pode sair pela culatra.
Estamos assistindo a uma palhaçada de circo mambembe, que pegou fogo e ninguém sabe para onde correr, estamos sem quem nos acuda. Não caiam nas propagandas da televisão. Não sei por que os cabeças-brancas ainda não se aposentaram e pintam os cabelos para ficarem mais novos, só conseguem ficar mais ridículos.
Então, já que estamos precisando mesmo de chuva, cantem: “Chuva vai, chuva vem, chuva miúda não mata ninguém”.