Já confessei em outra ocasião que sou uma bailarina frustrada, ou fui, porque agora isso não tem mais importância. Desde que mudei para Joinville, renovo meus sonhos de menina assistindo ao Festival de Dança. Sento lá, bem na frente, e nem falo. Acho o primor dos primores. Mas neste ano perdi a chance de ver o que há muito tempo me chama e nunca posso ir, a dança do grupo de Deborah Colker. Não consegui entrada! Então posso dizer que a frustração quase voltou, pois certamente seria a última oportunidade que eu poderia desfrutar.
Continua depois da publicidade
Mas não chorei nem briguei, como faria em outras ocasiões, mas vi tudo que a TV passou, acompanhei no jornal as fotos e as reportagens. Então já me dou por satisfeita.Quando eu era adolescente, tinha um álbum cheio de fotos e reportagens de Margot Fontaine, e isto me enchia de esperanças, que não se realizaram, e quando nasceu minha filha, dei-lhe o nome de Margot. Mas ela nunca teve interesse por dança. Já as minhas netas fizeram maravilhas (pelo menos para mim) em ginástica rítmica, dança contemporânea e deixaram o coração desta avó livre, leve e solto.
Neste ano, não me programei para ver nada, mas certamente darei uma voltinha na Feira da Sapatilha. Adoro aquela agitação, aquelas coisas lindas purpurinadas, rendadas, coloridas. E sempre assisto a alguma apresentação.
Então não sou mais uma bailarina frustrada, porque tudo ao meu redor é alegre e colorido, e nesta época fico mais contente ainda. Estou feliz porque não está chovendo, e o Sol está gostoso. Fico com muita pena das crianças que vêm tentar uma vaga no Bolshoi, lá das bandas do Nordeste. Devem achar que esta terra é sempre fria, mas esperem até chegar o verão. Mas elas vêm, ano após ano, tentar realizar seu sonho. E é isto o que importa: sonhar e tentar. Quantas já conseguiram? Não se pode parar de sonhar. Quem não sonha está em coma. Sonhem, meninas e meninos, não custa nada.
Continua depois da publicidade