Procuro ser uma pessoa bem informada, leio jornal todos os dias, tenho Net banda larga, consequentemente internet, estou sempre procurando alguma coisa para fazer e à noite leio romances, que a situação e a idade não permitem mais enfiar a cara em livros que fazem a gente ficar acordada pensando no que leu. Mas desconfio que estejamos ficando loucos, todos nós.

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Depois dos xiliques políticos, não se pode esperar mais nada de bom. O que foi o circo armado na semana passada em Brasília, que na ilusão do Juscelino seria a capital de um país próspero, e não uma faculdade de ladrões? Liguei para ver o que tinha na TV, e dei de cara com um amontoado de engravatados, provavelmente de diploma debaixo do braço, aos socos, pontapés, puxões de cabelos, uns nos outros e um de gravatinha cor de vinho grudado ao lado do microfone, possivelmente gravando o que diziam, e apoiando ou vaiando o que ouvia.

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Não me permiti ver o resto, porque me veio à lembrança minha estreia como professora, num bairro miserável de Porto Alegre, onde se chegava aos solavancos por uma estrada de terra, e a primeira coisa que vi foi uma professora tentando acalmar uma turma que estava numa disputa acirrada pelo resultado de uma partida de futebol. Voavam lápis, giz, cadernos, bolinhas de papel e o mais que eles encontravam. Até que chegou a diretora. A desculpa deles: estavam festejando o jogo.Mas o que mais me perturbou foi o artigo “Fahrenheit 49/2015” (“AN”, 4/8/2007, página 6), de Norival Raulino da Silva Junior, falando em um projeto que ronda o Senado, proibindo que livros sejam vendidos abaixo do preço de capa. Nem vou contar isto para Mariza Schiochet ou para o Luiz Carlos Amorim, que trabalham incansavelmente para espalhar livros por esta cidade.

Livros não deveriam ser vendidos, deveriam ser doados, emprestados, trocados, espalhados pela cidade como estes dois fazem. Já vi uma reportagem em que alguém estava fazendo isto em outra cidade. Será que deu certo? Não ouvi falar mais nada.

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Então, acho que ao invés de os senhores deputados federais ficarem dando um espetáculo circense, para provar que quem ganha mais trabalha menos, que quem pode mais chora menos, ouçam o que diria meu avô: “Aviem-se, que são horas de trabalhar. Descanso é aos domingos.”