Dia destes, vendo a ginástica rítmica, fiquei encantada com as meninas de países diferentes competindo civilizadamente, como se não houvesse guerras em seus próprios países. Fiz uma releitura das outras competições e me dei conta de que o mesmo comportamento foi apresentado por todos os atletas: vieram para se divertir, competir, e que ganhasse o melhor.

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Então, minha cabeça lembrou de uma linda canção que pregava isto mesmo, mas como os tempos eram outros, foi tida como revolucionária e o autor foi execrado de tal forma, que a canção foi proibida de ser cantada: “Caminhando e cantando/ e seguindo a canção/ somos todos iguais/ braços dados ou não”, de Geraldo Vandré.

E tudo que a canção dizia era o que se quer até hoje, e que de certa forma aconteceu nestas Olimpíadas do Rio, 2016, em que brancos e negros, amarelos e índios juntaram-se aos estrangeiros e fizeram uma bela festa.

Não interessa, pelo menos para mim, quem ganhou esta disputa, quem ganhou mais medalhas de ouro. Os brasileiros estavam felizes de poderem ver de perto aquele negro enorme, que corre mais que o vento e faz uma farra danada com os fãs, tirando selfies e dando autógrafos sem tripudiar por cima de quem ficou para trás.

Vi muitas batalhas e vitórias nestas Olimpíadas que não tinha visto nas outras, como aquele homem decolando num barquinho que nem tem lugar para sentar. As meninas que ganharam a regata, a moça encasquetada e humilhada ganhando medalha de ouro, o futebol feminino que perdeu, e eu chorei junto. Todos me lembravam a música: “Caminhando e cantando/ e seguindo a canção”.

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Aconselharia aos pré-candidatos a vereadores e prefeitos que dessem um jeito de ver tudo outra vez antes de começarem sua saga de chateação pedindo votos, estudassem bem o que foi esta competição e leiam novamente a letra do Vandré: “Pelos campos há fome/ em grandes plantações/ pelas ruas marchando indecisos cordões”. Pensem como seria um Brasil “que acredita na flor/ vencendo o canhão”.

Porque é disso que tenho medo que aconteça se não se entenderem civilizadamente. O quero que pensem: “Caminhando e cantando/ e seguindo a canção/ Somos todos iguais/ braços dados ou não”.

Geraldo Vandré já morreu, no ostracismo. Façam que não tenha sido em vão.