Assistir um filme no cinema se torna a cada nova produção uma experiência que começa na criação de expectativas e segue à contagem regressiva entre os fãs ansiosos. A compra da pipoca antecipada para não enfrentar filas e a chegada horas antes da exibição, ocorre em especial entre o público de produções de super-heróis, que enche anualmente as salas, esgotam ingressos de estreia e se tornam o assunto mais comentado nas redes sociais. O crítico de cinema Andrey Lehnemann fala sobre a ‘receita’ adotada nas produções da Marvel para continuar causando esse fenômeno entre os telespectadores.
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Conforme Andrey, um dos inúmeros teóricos de cinema que reconheceu a produção cinematográfica como algo mais financeiro que artístico, Thomas Schatz, diz que “se sua obra for acolhida pela crítica, ótimo; mas, em primeiro lugar, ela é feita para vender a um público específico”, a citação está no livro Os Gêneros de Hollywood (nunca lançado no Brasil). Há, claro, nichos de público.
– O cinema é influenciado pelas expectativas do público, independente do gênero em que está estruturado. No cinema de terror, por exemplo, na década de 30, após uma exaustão da fórmula clássica da Universal, onde monstros deixavam um rastro de destruição até a população da cidade impactada pegar em tochas e decidir fazer justiça com as próprias mãos, o estúdio notou que o público já não se entusiasmava com as histórias. Não queria ver mais o terceiro filme da Múmia ou do Lobisomem e até mesmo os clássicos Drácula e Frankenstein não faziam grandes bilheterias – explica o crítico.
A era de ouro da Universal, como ficou conhecida, foi chamada assim pelo dinheiro que gerava ao estúdio, não pela qualidade dos filmes. Para driblar as baixas bilheterias, a partir de 1936, os produtores começaram a colocar personagens conhecidos dividindo a tela. O Lobisomem passava a atuar com Frankenstein e Drácula. Os astros da época, Bela Lugosi e Boris Karloff, atuavam juntos. E isso voltou a chamar o público até que, novamente, a fórmula se desgastou e tudo deixou de ser uma novidade.
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– Penso que a Marvel entra em um caminho parecido e, a medida que seus filmes de super-herói são realizados, será cada vez mais necessário personagens populares dividirem um mesmo filme. As chamadas múltiplas terras e os universos diferentes de um mesmo herói, como vimos em Homem-Aranha, pode ser uma saída para manter o público interessado. O novo The Flash está indo para algo similar, com as várias gerações de Batman que estarão no filme – diz Andrey.
E será que a fórmula semelhante à adotada pela Universal vai ser rentável para o universo dos super-heróis? Conforme afirma o crítico, novos personagens ou super-heróis com histórias de origem não devem ser tão bem recebidos. Andrey duvida de uma boa bilheteria de Mórbius, por exemplo, ainda que seja mais um vilão do que um antiherói.
– O público busca personagens já conhecidos e com momentos cinemáticos. Será bastante comum os filmes terem pausas dramáticas para aplausos ou para fornecer uma sensação de recompensa. O novo Homem-Aranha possui um desses momentos, quando os três atores pulam juntos para a ação da história. É proposital. Será cada vez mais esperado e, portanto, os estúdios farão. Não acho improvável um anúncio nos próximos anos de Marvel vs DC. Quem duvida? – conclui.
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