Viola, 44 anos; Túlio Maravilha, 44; Rivaldo, 41; Rogério Ceni, 40; Zé Roberto, 38; Clarence Seedorf, 37. São exemplos cada vez mais raros de jogadores de futebol que resistem às lesões físicas, ao desgaste natural do corpo e à concorrência com jovens com metade das suas idades. Mas os citados acima ainda estão longe de realizar a façanha de um catarinense.
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Ídolo do Inter de Lages, um dos times mais tradicionais do Estado, Martinho Bin prepara sua volta aos gramados aos 56 anos de idade para disputar competições profissionais com a camisa do clube onde iniciou e encerrou a carreira.
Embora ocorra pela terceira divisão do Catarinense, que começará no segundo semestre deste ano, o retorno de Bin é cercado por muita expectativa. Primeiro, pela idade, absolutamente incomum entre atletas de uma competição profissional, já que a grande maioria se aposenta perto dos 40 anos. Depois, pela profunda ligação de Bin com o Inter, também rara nos dias de hoje.
Xanxerense de nascimento e lageano de coração, Bin foi o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Leão Baio desde que o clube foi fundado, há 63 anos, em 13 de junho de 1949. De 1976 a 1994, primeiro como meia-esquerda e depois como volante, Bin atuou em aproximadamente 500 partidas e marcou cerca de 60 gols pelo Inter.
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Nesses 18 anos, participou de importantes episódios, tristes e felizes, da história do clube lageano. Pendurou as chuteiras em 1994, aos 38 anos, quando o Inter teve que fechar as portas pelos quatro anos seguintes em função de graves problemas financeiros. Porém, mesmo sendo um símbolo do clube, Bin jamais teve uma partida de despedida e uma homenagem à altura. Demorou, mas este momento chegou.
Nesta temporada, o ídolo do Colorado Lageano foi convidado pela nova diretoria a voltar a vestir a camisa do clube na terceira divisão. Bin aceitou o desafio e vai compor o elenco também como jogador, e não apenas como auxiliar técnico do treinador Nazareno Silva – o outro auxiliar técnico será o ex-atacante Zé Melo, maior artilheiro da história do Inter, com 101 gols catalogados oficialmente, mas 178 em suas contas, devido a jogos com dados incompletos.
A intenção é que Bin participe de toda a competição, com duração de três a quatro meses, levando sua experiência e habilidade para dentro de campo. Ele terá contrato, receberá salário, vai acompanhar o time nas viagens pelo Estado afora e ficará à disposição do treinador.
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– Ninguém conhece melhor o Inter de Lages em campo que o Bin, e por isso ele será a continuidade da comissão técnica no gramado. Quem o viu jogar tem saudade, e quem não viu, quer ver. O Bin é um exemplo como atleta e pessoa, e o que era para ser um jogo de despedida, será uma temporada – diz o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Inter, o advogado e escritor Mauricio Neves de Jesus.