Um pouco maior – dois décimos – do que o previsto pelo mercado, o encolhimento da economia de 0,6% no segundo trimestre e a revisão do resultado do primeiro para uma pequena retração de 0,2% colocam o Brasil na incômoda situação chamada pelos economistas de recessão técnica. A redução na atividade econômica, já pronunciada na indústria, atingiu também o setor de serviços entre abril e junho, que recuou 0,5%. Só a lavoura – o setor da agropecuária, muito em decorrência da boa safra – salvou-se do vermelho, e por um triz, com discreto avanço de 0,2%. Mas não foi suficiente para escorar o peso do desconforto na economia.

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Ainda é quase consensual entre os analistas que a situação é temporária e não significa que o país está à beira de uma catástrofe. Alguns preferem até caracterizar o resultado combinado do primeiro semestre de estagnação, em vez de recessão. O conceito de recessão técnica não é científico nem universal, basta lembrar que o órgão que monitora a economia dos Estados Unidos situou o início da agora chamada Grande Recessão, entre 2007 e 2009, antes do mergulho dos índices no vermelho.

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Mas o debate, inclusive eleitoral, que vai se seguir à esperada divulgação dos números do IBGE tem de levar em consideração o grande nó do país: um dos motivos da entrada no vermelho é o aperto no juro provocado pela necessidade de controlar a inflação. Ter de optar entre recessão, ainda que branda, e inflação, é sintoma de desequilíbrio. E é preciso mais do que apostar em boas safras para corrigi-lo.