Mesmo antes de aprender a caminhar, a bola já era o brinquedo preferido. Pela sugestão de uma vizinha, Marlon foi para a escolinha aos cinco anos e hoje a brincadeira de criança se tornou ofício. Prestes a encarar a Série B do Campeonato Brasileiro (a equipe estreia contra o Náutico, em casa, às 16h), o garoto de Cascavel, no Paraná, quer ajudar o Criciúma a voltar para a elite do futebol brasileiro, se firmar como profissional e trazer alegrias à torcida carvoeira.

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Nos últimos cinco meses, o lateral-esquerdo Marlon Rodrigues Xavier, 18 anos, tem vivido fortes emoções. Saiu do banco da equipe sub-20 para encarar o Botafogo, em novembro do ano passado, pela Série B. Da estreia com vitória para cá, não deixou mais o time do técnico Roberto Cavalo, que apostou no jovem talento. O desempenho chamou a atenção e em fevereiro Rogério Micale convocou o canhoto para um período de treinamentos com a seleção sub-20.

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— Desde pequeno você sonha em representar o país, jogar pela seleção. Fiquei muito feliz, aprendi o máximo sobre futebol, tática, novas ideias de jogo, como analisar os adversários e não ser surpreendido — pontua o jogador, descrito pelos amigos como um perfeccionista.

— Ele é muito determinado, aceita os desafios e sempre busca a perfeição. Ali já dava para ver que ele iria ter um futuro no futebol — relembra o amigo e na época treinador, Juliano Henrique Lenz, 25 anos.

A boa fase do jogador teve mais um capítulo essa semana. Marlon recebeu o bronze entre os melhores laterais esquerdos do Catarinense, mais uma taça para se juntar às dezenas de prêmios que a família guarda com carinho. Sempre na torcida, o amigo de infância fala diariamente com o atleta do Criciúma. Pelo WhatsApp e Snapchat, eles brincam, conversam sobre coisas da idade, garotas, videogame e claro, futebol.

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— É como se fôssemos irmãos, estou sempre corrigindo, apoiando. Ele também pede minha opinião, me escuta. Quando tem que cobrar eu cobro, assisto os jogos e falo o que tem que corrigir — reforça o amigo.

Fora do campo, a marcação é cerrada no lateral, e ele sabe que pode contar com o apoio de colegas como Douglas Moreira e Ezequiel, jogadores que admira e tem boa relação. Os mais experientes Diego Giaretta, Luiz e Elvis, servem de referência na hora de aprender.

Uma infância de compromissos

Os primeiros lances de Marlon foram no futsal, mas o talento começou a chamar a atenção e surgiu o convite para o futebol de campo. O garoto começou como volante, posição que atuou no Juventude, durante seis meses, e no Internacional, por quase seis anos. A mãe Marli foi junto, deixando o marido Ginaldo e a filha Priscila no Paraná. Foram anos de saudade e de visitas esporádicas, mas que valeram a pena.

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— Ele amadureceu bem rápido, foi uma infância praticamente de compromissos, abdicou de muita coisa, sempre muito dedicado — conta a mãe.

Aos 15 anos, Marlon foi liberado pelo time gaúcho e voltou para o Paraná, com o futuro incerto. Foi o apoio da família e dos amigos que o fizeram manter o foco.

— Ele estava há três meses no Atlético-PR e, naquela indefinição, o Roberto Klaus, amigo da família desde Porto Alegre, sempre dizia que queria o Marlon no Criciúma. Quando ele foi convidado, me disse “mãe, eu vou, e te prometo que agora time nenhum vai me dispensar” — relembra Marli, emocionada.

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