“Frouxidão de caráter” é como o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa define “inação”, palavra que também significa falta de ação, inércia e indolência.
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Segundo Edmund Burke, “Para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada.”
Rudyard Kipling ensina que não é possível, ao mesmo tempo, ser um bom homem e não fazer nada. Por isso, ao inaugurar a segunda estrofe do poema “Se”, ensinou ao filho:
“Se for capaz de pensar – sem que a isso só se atire,
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de sonhar –sem fazer dos sonhos seus senhores;
[…]
Será um Homem, meu filho.”
Ele não sugere que o rapaz evite pensar e sonhar, mas deixa claro que o bom homem, o Homem com “H” maiúsculo, não fica só nisso.
O conselho não vem de um adulto pragmático, calejado, insensível às questões do espírito, às fantasias das crianças e ao idealismo dos jovens.
Kipling conhecia e valorizava a criatividade, a imaginação, o idealismo, o sonho e seu poder para engendrar o futuro. Além de poemas, escreveu livros de ficção para crianças, dentre eles “O Livro da Selva”, no qual conta a história de Mogli, um menino criado por lobos.
Indiscutivelmente dotado de uma imaginação extraordinária, Leonardo da Vinci também se preocupava com os riscos da letargia e da inatividade:
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“Como o ferro enferruja quando não usado e a água perde sua pureza quando estagnada, a inação drena da mente o seu vigor.” — Leonardo da Vinci.
“A ação não me preocupa; a inação, sim” — escreveu Winston Churchill, um dos principais responsáveis pela derrota de Adolf Hitler. Além de estadista, Churchill era jornalista, historiador, escritor e artista. Recebeu o Nobel de Literatura em 1953 e pintou centenas de quadros, os quais assinou com o pseudônimo Charles Morin.
É curioso notar que entre as definições do dicionário para o adjetivo “mau”, poucas dizem respeito à prática da maldade propriamente dita. A maioria remete a insuficiência, fraqueza, mal cumprimento dos deveres, incapacidade ou inabilidade de realização, baixa produtividade, etc.
Os bons homens agem porque entendem que se a ação aumenta a possibilidade do pecado; a ausência dela o garante.
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*Mário Sant’Ana é tradudor e intérprete, cofundador do Projeto Resgate, organização com ações para reduzir contrastes sociais, e co-idealizador do programa Think Tank Projeto Resgate, para o desenvolvimento de habilidades de inovação intersetorial, soft skills e liderança não hierárquica. Escreve artigos para o A Notícia às terças-feiras. Contato: mario@projetoresgate.org.br
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