*Artigo por Mário Sant’Ana

Em uma caverna artificial, sob 200 metros de rochas, terra e vegetação nativa, tive uma quase inebriante dose de um Brasil que dá muito certo. Em forte contraste com a distopia para a qual o País parece avançar, a Usina Hidrelétrica Salto Pilão (UHSP) trabalha com a agradável monotonia que caracteriza as operações mais bem conduzidas. As emoções ficam a cargo das boas relações entre as pessoas que ali trabalham, da positiva interação da empresa com as comunidades senhorias do empreendimento e, claro, da exuberância natural do Vale do Itajaí.

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Ali, onde se encontram os municípios de Apiúna, Ibirama e Lontras, dias chuvosos como aquele sábado são comemorados com um “Que dia lindo!” A abundância de chuvas é essencial para a operação e a água não utilizada para a geração de energia segue seu fluxo natural no rio Itajaí-Açu.

O pouco volume represado não oferece riscos às populações ou ao ambiente. A parte desviada para o acionamento das turbinas é devolvida, mais limpa do que na captação, para o curso de água que abençoa matas, lavouras e cidades até se despejar no Oceano Atlântico.

A três metros do eixo rotacionando em alta velocidade, parte de um dos conjuntos geradores, não havia vibração. Tudo funcionava perfeitamente e no máximo da capacidade instalada (191,89 MW) naquela casa de força subterrânea, cujas dimensões equivalem a de um prédio de 11 andares. É onde se concentram os equipamentos eletromecânicos responsáveis pela produção de energia e se encontram túneis perfurados no maciço de granito rosa que somam mais de dez quilômetros de extensão.

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A CBA (Grupo Votorantim), a DME Energética e a Companhia Geração de Energia Pilão formam o Consórcio Empresarial Salto Pilão (CESAP), responsável pela concessão da usina hidrelétrica. Em dezembro de 2009, apenas 42 meses após o começo das obras, o empreendimento iniciou sua operação comercial.

No fim da visita, fomos presenteados com dois exemplares do inspirador livro “A Energia do Vale do Itajaí” carinhosamente autografados pelo autor, o administrador Jair Fabiciack, responsável pela comunicação da Usina, e por Luís Cláudio Ribeiro, Engenheiro Eletricista que responde por aquela operação de sucesso.

Livro recebido de presente com título
Livro recebido de presente com título “A energia do Vale do Itajaí” (Foto: Divulgação)

Sem vontade de sair daquela atmosfera de prosperidade, excelência, amizade e beleza, decidimos pernoitar na região, mas foi difícil encontrar vaga nos hotéis. Apesar do cancelamento da Oktoberfest 2021 por causa pandemia, a intensidade turística daquelas bandas não é pequena. Conseguimos nos hospedar em Indaial, onde também encontramos o OKS Authentic Food, um restaurante acolhedor com um tempero encantador e um atendimento irretocável.

Apesar de serem frequentes, experiências assim não deixam de me surpreender, desde que por aqui cheguei, há 30 anos. Dos empreendimentos estruturantes aos pequenos negócios, Santa Catarina fervilha com uma capacidade empreendedora e um espírito comunitário invejáveis. Penso que a seguinte frase de Ruy Barbosa possa ajudar a entender o fenômeno catarinense:

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“A cultura pertinaz e obstinada é que desentranha da gleba revessa as vegetações luxuriantes, as florescências maravilhosas, as frutificações opulentas, searas, pomares, rebanhos, metrópoles, nações, estados, prole imensa desse casamento perene, abençoado por Deus, entre a terra e o trabalho.”

Mário Sant'Ana escreve no AN às terças
Mário Sant’Ana escreve no AN às terças (Foto: Arquivo AN)

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