*Artigo por Mário Sant’Ana

Aprendi com meu amigo Ronaldo Aloíse: “O Natal foi o início do maior movimento de inclusão espiritual de todos os tempos.”

Continua depois da publicidade

​> Acesse para receber notícias de Joinville e região pelo WhatsApp

A história é fascinante! Um ser onipotente escolheu tornar-Se fraco e pobre; renunciou à onipresença para viver em uma área muito pequena de um país menor que o Sergipe; e escolheu privar-se da capacidade de ver tudo ao mesmo tempo.

Por quê? 

Continua depois da publicidade

A resposta está na ponta da língua dos cristãos: Amor.

No livro “D. Quixote — Um apólogo da alma ocidental”, o advogado, jornalista e político brasileiro Santiago Dantas (1911 – 1964) oferece uma análise lúcida e cativante desse amor: 

“Coube ao cristianismo operar a primeira revolução na essência e na existência do amor, concebendo-o como uma efusão de cima para baixo, como amor do criador pela criatura, de Deus pelo homem, do forte pelo fraco, do maior pelo menor. A caridade aparece, assim como o primeiro amor que oferece, em vez de pedir.”

Contudo, os textos bíblicos dão a entender que as mudanças iniciadas no primeiro Natal não se limitaram à vida dos terráqueos típicos. O próprio Jesus, ao encontrar os termos inerentes à condição humana, reagiu como os humanos: desenvolveu-se. 

Segundo Lucas, Jesus cresceu em sabedoria e Paulo ensina que, pelo sofrimento que vivenciou na Terra, o Deus encarnado aprendeu e Se aperfeiçoou. Muitos teólogos defendem que, ao voltar para o Céu, o “corpo espiritual” de Jesus se tornara diferente do que era antes do Seu estágio entre os homens.

Continua depois da publicidade

Além disso, é inevitável que haja mudanças profundas em alguém que passe um tempo prolongado em um lugar exótico, experimenta comidas e bebidas diferentes, em um clima e geografia distintos dos que onde se criou; veste as roupas típicas do novo lugar, aprende um idioma e uma profissão; faz amigos, inimigos, vai a festas, sofre perdas, sente saudades da terra natal e fica irritado; é amado, mal interpretado, reconhecido, injustiçado, traído, decepcionado, consolado e, então, volta para casa. 

Portanto, quando Jesus retornou para o Céu, os habitantes daquela dimensão passaram a conviver e ser liderados por alguém com um conjunto de experiências que ninguém ali conhecia em primeira mão e a Santa Trindade passou a ter um integrante que já fora carne e osso.

Por essa óptica, o nascimento de Jesus foi um divisor de águas assim na Terra como no Céu. Não apenas tornou possível a religação entre os mortais e seres atemporais, mas mexeu na estrutura do poder do universo. 

Incluir é trazer para dentro. Entendo que inclusão espiritual à que Ronaldo se referiu e que mencionei no primeiro parágrafo não seja apenas um “você pode frequentar nosso clube”. Jesus nos incluiu na Sua essência porque assim escolheu; e deseja que, pelo mesmo motivo, incluamos a Ele e uns aos outros em nossas essências. Foi esta Sua oração, no fim da missão que começara 33 anos antes, no estábulo em Belém: “Que todos sejam um, Pai, como Tu estás em Mim e Eu em Ti. Que eles também estejam em Nós.” 

Continua depois da publicidade

Feliz Natal!

Escritor
Mário Sant’Ana escreve no AN às terças (Foto: Arquivo)

*Mário Sant’Ana é tradudor e intérprete, cofundador do Projeto Resgate, organização com ações para reduzir contrastes sociais, e co-idealizador do programa Think Tank Projeto Resgate, para o desenvolvimento de habilidades de inovação intersetorial, soft skills e liderança não hierárquica. Escreve artigos para o A Notícia às terças-feiras. Contato: mario@projetoresgate.org.br

Leia também

Joinville poderá ter espaços para piqueniques no entorno do rio Cachoeira

Verão começa oficialmente às 12h59min desta terça-feira; entenda

Praça de Energia é nova atração turística na Usina Piraí, em Joinville; veja como visitar