*Artigo por Mário Sant’Ana
Esse é o décimo texto da série “A evolução da democracia”, leia aqui o último publicado.
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Os governos são instrumentos necessários para a realização dos objetivos de uma sociedade. Penso que a democracia seja a melhor forma de governo, mas, principalmente, a única legítima para uma sociedade definir seus objetivos.
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É por isso que a democracia tende a ser mais efetiva nas cidades que em um país; mais rica onde os cidadãos são mais engajados; mais proveitosa onde a população é mais esclarecida.
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Foi nas cidades-estados gregas que a democracia nasceu com recursos políticos para uma vida melhor, mas também com defeitos e vícios. Apesar das adaptações implantadas desde então, a forma como a democracia é aplicada a vastos territórios e grandes populações torna suas imperfeições e pecados ainda mais graves.
Se usássemos uma imagem miniatura (thumbnail) para produzir um painel publicitário de grandes dimensões (como os chamados outdoors), a imagem ficaria irreconhecível e seus defeitos (toleráveis na miniatura) seriam ampliados e inaceitáveis na imagem maior. É o que acontece com a democracia, quando tentamos esticá-la para cobrir países inteiros, continentes, hemisférios e o planeta: seus vícios aumentam e o ideal se deforma.
Penso que para ser democrático, um país deve ser um mosaico de cidades democráticas, aquelas em que seus residentes sejam também cidadãos ativos, capazes de conjugar seus esforços para realizar objetivos comuns.
Essa conjugação acontece mais facilmente nas associações civis. Seus membros ali estão voluntariamente, por compartilharem de aspirações, valores, ideários e preferências. Suas lideranças prestam contas de seus atos diretamente aos associados, que devem ser em número pequeno o bastante para estabelecerem laços fraternais e grande o suficiente para terem influência no ecossistema.
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Quando expediente, essas instituições podem combinar suas forças para realizar projetos de maior envergadura ou representar seus membros em discussões com o poder público. Da mesma forma, municipalidades vizinhas devem cooperar para o progresso da região em que se encontram, e assim sucessivamente.
Os legisladores devem, em suas respectivas instâncias, suprir o arcabouço jurídico que garanta a legalidade desses esforços coletivos.
Em tudo isso, as organizações religiosas têm um papel essencial: ajudar-nos a nos conectar ao melhor que podemos ser enquanto indivíduos e enquanto comunidades. É essencial justamente por lidar com nossa essência para nosso aperfeiçoamento.
Nos últimos dois milênios e meio, a ideia da democracia tem se espalhado e mudado. Em grande medida, foi sequestrada pelo legalismo, pela burocracia, pela corrupção e pelo tribalismo. Na busca de uma ideia original para resgatá-la, cabe nos perguntar: Qual era a ideia original?
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Outros artigos a série A Evolução da Democracia:
1. Ideias boas até certo ponto
3. Sem freios nem contrapesos
4. O som do silêncio — democracia ameaçada
6. AN celebra 99 anos de apoio à democracia
8. Militância ou Participação Cidadã

*Mário Sant’Ana é tradudor e intérprete, cofundador do Projeto Resgate, organização com ações para reduzir contrastes sociais, e co-idealizador do programa Think Tank Projeto Resgate, para o desenvolvimento de habilidades de inovação intersetorial, soft skills e liderança não hierárquica. Escreve artigos para o A Notícia às terças-feiras. Contato: mario@projetoresgate.org.br
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