Apesar de ser uma das grandes estrelas da televisão brasileira, a apresentadora Hebe Camargo, que faleceu na madrugada de hoje, também era uma pessoa simples e preocupada com os amigos. Pelo menos é essa a opinião de Mário Prata, escritor, jornalista e dramaturgo brasileiro que reside em Florianópolis desde 2001. Continua depois da publicidade – Ela tinha um aspecto humano muito forte. Era influente por onde passava, mas não mudava seu jeito por isso – diz Mário. Na verdade, Hebe usava sua influência para ajudar os amigos. Em sua obra “Minhas Mulheres, Meus Homens”, o escritor conta uma passagem que presenciou em Lisboa e mostra bem como era a maior diva da televisão. – Certa vez, estava em Lisboa e, por um acaso, a Hebe se hospedou na suíte ao lado da minha. Quando cheguei em casa, vi a porta aberta e um movimento grande. Cheguei até a ficar preocupado – conta o escritor. Quando entrou no quarto para ver o que se passava, Mario deu de cara com uma descabelada Hebe conversando ao telefone, enquanto vários amigos comiam pizza na sala. Do outro lado da linha, estava o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Mas o que mais surpreendeu o escritor foi o motivo da ligação. – Ela tinha um casal de amigos que estava precisando voltar urgentemente ao Brasil. O cara era um empresário, dono de uma marca de perfurmes. No telefone, a Hebe pediu para que o Fernando Henrique conseguisse um voo o mais rápido possível – disse. A situação foi logo então resolvida: um avião fretado, que ia de Berlim para São Paulo, parou em Lisboa e recebeu o casal. Continua depois da publicidade Em seu livro, Mário Prata contou a história, que o marcou. Quando soube, Hebe fez questão de ligar para o escritor e agradecer a lembrança. Também fez um agradecimento especial no encerramento de um programa. – Fiquei impressionado. Ela não disse nada sobre o acontecido no programa. Não se vangloriou, não fez questão de mostrar que tinha todo esse poder. Apenas ajudou os amigos e fez o seu papel, mas não precisou mostrar isso para niguém. Essa era a Hebe. Ela tinha muito poder, mas não se importava com isso. Ela se importava era com os que estavam próximos dela – completou o escritor, que foi entrevistado por Hebe em seu programa em cinco ocasiões e ficou chocado com a notícia da morte. – Com certeza perdemos uma grande estrela. Foi muito importante para o Brasil, para a televisão brasileira. Mas acredito que ela conseguiu fazer o que gostava que fazer: ajudar as pessoas.
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