Estou em Chapecó por força do trabalho. Venho acompanhando de perto a tristeza e a comoção vivenciada por essa gente desde a última segunda-feira, quando as primeiras informações rasgaram a madrugada desde a Colômbia, trazendo fatos que até agora não queríamos acreditar que fossem verdades. No entanto, grandes tragédias nos levam à reflexão e transformam o mundo muito mais rapidamente. E esse é o caso.
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Quando vejo, como na noite de quarta feira, mais de 20 milpessoas na Arena Condá e mais de 52 mil no estádio nacional de Medellín em uníssono gritando: “Vamo, vamo Chapeeeee!!” percebo que o ser humano tem facetas incríveis, quase incompreensíveis, especialmente em eventos coletivos, comoção, humanidade em dor. E essa tragédia tem exatamente esse diferencial: não é pela guerra real, mas através da “guerra simbólica” do futebol.
E ultrapassou tudo através da solidariedade diante da dor. O sofrimento nos humaniza até mais que o sucesso. Vivemos numa sociedade em que todos os estímulos são para sermos obrigados a ter e a fazer sucesso. O sucesso é perigoso, pois nos embebeda e muitas vezes nos deixa idiotas e arrogantes. Pois essa comoção me parece ter ocorrido exatamente pela postura inversa desse grupo, consciente de seus limites e da luta por superá-los, com sua humildade e empenho, garra e entrega por um sonho que acabou tomando todos nós. Se podemos tirar algo de valor positivo de tudo isso, é exatamente essa consciência de humanidade que muitas vezes esquecemos ter ou ser… Ainda somos humanos sim e isso continua sendo o melhor de todos nós.
Confira as notícias do colunista Mário Motta
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