O Ministério Público Federal (MPF) e defensores do lobista Mário Góes acertaram acordo que transforma esse empresário no 19º delator da Operação Lava-Jato, que investiga corrupção na Petrobras. Ele é dono da Rio Marine Óleo e Gás e da Mago Consultoria, empresas que teriam servido de fachada para transferência de dinheiro de empreiteiras para dirigentes da estatal petrolífera.

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Góes está preso desde fevereiro em Curitiba. Ele é apontado pelo MPF como um dos 11 lobistas que repassavam dinheiro para a Diretoria de Serviços da Petrobras, controlada por Renato Duque e gerenciada por Pedro Barusco.

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Barusco, colaborador da Lava-Jato, é um dos que envolve Góes no esquema. Ele indicou à Polícia Federal a conta onde recebeu R$ 70 mil como propina, em 2007 – dinheiro que teria sido repassado por Góes.

A PF calcula que, entre 2003 a 2014, R$ 220 milhões pertencente a empreiteiras tenha passado pelas contas das empresas de Góes. Seria dinheiro correspondente a serviços de consultoria – mas que, na realidade, seriam falsos contratos de prestação de serviços. O objetivo das transferências, conforme os investigadores da Lava-Jato, era disfarçar o dinheiro usado para subornar dirigentes da Petrobras e políticos. Só a Odebrecht e a Andrade Gutierrez teriam pago a Goes R$ 6,4 milhões.

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O delator Pedro Barusco disse que recebeu suborno (em sacolas de dinheiro) na residência de Góes, no Rio de Janeiro. Os valores, colocados em mochilas, chegavam a R$ 500 mil por vez, para serem repartidos entre o próprio Barusco e seu chefe Renato Duque. Suborno também era enviado à Suíça, para conta pertencente aos dirigentes da Petrobras. Parte da verba iria ainda para políticos.

Um filho de Góes, Lucélio, também foi preso, mas já está solto. Ele é sócio do pai na Rio Marine e alega inocência.

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Góes pretende trocar a delação por prisão domiciliar (hoje ele está preso em cela da PF em Curitiba). Ao ser ouvido pelo juiz Sérgio Moro, da Lava-Jato, em 27 de maio, ele chorou o tempo todo na audiência. Reclamou que está doente – com diverticulite, hipertensão e diabetes – e solicitou a prisão domiciliar. O acordo para colaboração implicar revelar para que contas bancárias foi enviado dinheiro de propina. Nova audiência judicial de Mário Góes está marcada para hoje.

Além de Góes, outros quatro investigados na Operação Lava-Jato – que não tiveram os nomes revelados – fecharam acordo de delação premiada nesta quarta-feira. Até esta etapa da investigação, a Lava-Jato contabiliza 23 delatores, dos quais 22 fecharam acordo com a Procuradoria no Paraná, em grau de primeira instância. A exceção é o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, que assinou pacto diretamente com a Procuradoria-Geral da República, perante o Supremo Tribunal Federal.

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No rol dos que entraram em acordo com a Procuradoria do Paraná, o lobista Mário Góes agora se soma ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e seus familiares (a mulher Marici da Silva Azevedo Costa, as filhas Shanni Azevedo Costa Bachmann e Arianna Azevedo Costa Bachmann e os genros Humberto Sampaio de Mesquita e Marcio Lewkowicz), o ex-gerente da estatal Pedro Barusco, o doleiro Alberto Youssef e seu ajudante Rafael ángulo Lopez, os empreiteiros que faziam parte da cúpula da Camargo Corrêa, Dalton Avancini e Eduardo Leite, os lobistas Julio Camargo e Shinko Nakandakari, e os empresários Augusto Ribeiro, Luccas Pace Junior e João Procópio.