Apesar da derrota nas urnas, Marina Silva (PSB) chegou à entrevista coletiva em São Paulo, às 21h30min deste domingo, com um sorriso no rosto e um semblante de alívio. Acompanhada de seu vice, Beto Albuquerque (PSB), ela foi recebida por um pequeno grupo de militantes e disse ter feito o possível para honrar o legado de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e seu parceiro de chapa, morto em agosto em acidente aéreo.

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Marina evitou falar na possibilidade de aliança com os tucanos, mas sinalizou a possibilidade de apoiar Aécio no segundo turno ao ressaltar que os brasileiros mostraram nas urnas que não concordam com os rumos do governo.

– O que decidimos é que queremos tomar uma posição conjunta, mantendo nosso programa, que é a nossa referência. Faremos as nossas reuniões. Eu sou a liderança da Rede. O PSB fará a sua reunião. Todos os demais farão. Estaremos dialogando ao mesmo tempo entre nós. Sabemos que o Brasil sinalizou claramente que não concorda com o que aí está – afirmou.

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Dilma e Aécio vão ao segundo turno

Sobre uma eventual parceria com Dilma, Marina afirmou que “não há o que tergiversar com o sentimento do eleitor” e que tem clareza do que seus votos representam. Por conta disso, é muito difícil que ela ajude a atual presidente a conquistar a reeleição.

– Estou aqui, não como derrotada, mas como alguém que sabe que continua de pé, porque não teve de abrir mão dos princípios para ganhar – afirmou.

A candidata do PSB protagonizou uma das mais imprevisíveis disputas eleitorais no país desde a redemocratização. Mas, no fim das contas, teve uma votação pouco maior do que a registrada em 2010, quando fez 19,6 milhões de votos (até as 22h, tinha pouco mais de 22 milhões), e teve de se contentar – outra vez – com o terceiro lugar.

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Resultado de uma trajetória de altos e baixos, o desfecho começou a se desenhar em outubro de 2013. Depois de liderar uma mobilização nacional pela criação de um novo partido, a Rede Sustentabilidade, a ex-seringueira teve o pedido de registro negado por falhas na captação de assinaturas. Passou a ser assediada por diferentes siglas e acabou se aproximando de Campos – que havia apoiado a causa da Rede.

A decisão alçou a dupla ao centro da cena política nacional, na condição de “terceira via”. Com serenidade, Marina aceitou a condição de candidata a vice-presidente na chapa liderada pelo pernambucano e percorreu o país ao lado dele, pregando a “nova política”.

A estratégia não foi suficiente para turbinar a candidatura. Mas a situação mudou completamente a menos de dois meses do pleito, com a morte trágica do pernambucano. Em meio à comoção nacional, Marina assumiu o lugar do companheiro, tendo Beto a seu lado. Enfrentou resistências dentro do próprio PSB, mas nada disso impediu o salto nas intenções de voto.

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Dois dias após a morte de Campos, ela já aparecia à frente de Aécio. A visibilidade fez com que ela continuasse subindo nas preferências a ponto de ameaçar Dilma. A partir daí, tudo mudou outra vez.

Suspeitas envolvendo o nome de Campos fustigaram a aura de herói nacional. Ao mesmo tempo, os adversários passaram a atacar Marina, que foi ultrapassada por Aécio. Neste domingo, a tendência se confirmou, e ela saiu mais enfraquecida do que em 2010.

* Zero Hora