Crise. Repetida quase à exaustão, a palavra foi empregada pela ex-senadora Marina Silva na noite desta segunda-feira, durante debate do Fronteiras do Pensamento em Porto Alegre, para definir o cenário de caos vivenciado pela humanidade nas áreas econômica, social, ambiental, política e dos valores pessoais.

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Em um discurso que elevou a questão da sustentabilidade ao patamar de discussão do modelo de sociedade, muito além do debate restrito à proteção do verde, Marina também teceu críticas ao governo Dilma Rousseff, atacando a política enérgica e o aparelhamento do Estado.

Diante de uma plateia de intelectuais e ambientalistas, no Salão de Atos da UFRGS, Marina abordou a conjunção de crises.

– Vivemos uma crise civilizatória. Temos de mudar o modelo de desenvolvimento, não só na questão ambiental, mas também política, econômica, social e estética – analisou a ex-senadora, que coleta assinaturas para criar a Rede, sigla pela qual deverá concorrer à Presidência em 2014.

Em sintonia com o ex-deputado federal Fernando Gabeira (PV), também convidado para o painel, Marina considerou inaceitável o contexto do Ministério de Minas e Energia. Para ela, a pasta prioriza fontes poluentes, como carvão e petróleo, em detrimento de matrizes energéticas limpas.

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– É preciso persistência para termos um sistema político que não seja esse atraso que está aí, onde se faz a governabilidade a partir da distribuição de pedaços do Estado. Já chegamos a 39 ministérios – avaliou.

Gabeira também criticou Dilma:

– A energia é um ponto central. O (Barack) Obama, sabendo disso, escolheu como ministro da Energia um prêmio Nobel de física. No Brasil, o ministro de Energia é o (Edison) Lobão. É um espaço de troca.

O Fronteiras do Pensamento Porto Alegre é apresentado pela Braskem e tem patrocínio de Unimed Porto Alegre, Weinmann Laboratório, Santander, CPFL Energia, Natura e Gerdau. Promoção Grupo RBS. O projeto conta com a UFRGS como universidade parceira e com a parceria cultural de Unisinos, Prefeitura de Porto Alegre e Governo do Estado do RS.

Ex-senadora evita combater o pré-sal

Embora crítica ao governo pela ausência de políticas consistentes para a geração de energia eólica e solar, a ex-senadora Marina Silva, ao analisar a questão do pré-sal, evitou radicalizar o discurso e disse que o mundo ainda é dependente do petróleo.

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– Vejo como um mal necessário. A humanidade ainda não tem como prescindir do petróleo para gerar energia. Mas a apologia que está sendo feita ao petróleo tem de ser revista – avaliou, em referência à promoção do pré-sal promovida pelo Planalto.

O caminho, disse ela, é investir em educação e conhecimento, dobradinha que poderá levar a tecnologias capazes de gerar energia limpa. Lutando para criar uma sigla de pequeno porte, Marina valorizou formas independentes de atuação, o que chama de “ativismo autoral”.

– As saídas não virão de um partido, de uma pessoa, de um grupo.