Certa vez, Affonso Romano de Sant’Anna chegou em casa depois de um dia de trabalho à frente da presidência da Biblioteca Nacional e encontrou na mesa um bilhetinho: “Hoje, 22 de agosto de 1994, meu marido perdeu deste terraço mais um pôr-do-sol no Dois Irmãos, um canto de um Bem-te-vi e uma orquídea que entardecia sobre o mar”.

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A autoria do aviso era de Marina Colasanti, casada com Affonso desde 1971, mas a frase integra a bibliografia dele, que o transcreveu no poema “Chegando em Casa”. É um pouco dessa poesia em vida que o casal de escritores traz a Joinville em 10 e 11 de abril, quando participam da 10ª Feira do Livro.

Apesar de reunirem créditos semelhantes (ambos são cronistas, contistas, poetas e jornalistas, além de conferencistas), Affonso e Marina têm obras opostas. Enquanto ele aponta seu foco para as críticas ao mundo, à política, à economia e ao que mais passar diante de seus olhos, ela canta o cotidiano em suas obras, que transbordam lirismo e paixão. Individualmente, cada um tem mais de quarenta títulos levando seus nomes. Juntos, tem vidas dedicadas à literatura, à cultura e a viajar pelo mundo conversando sobre estes temas.

Quando estiverem em Joinville, Affonso subirá ao palco do Auditório Alcione Araújo três vezes para a palestra “Ler o mundo”, baseado em seu livro mais recente, lançado em 2011 pela Editora Global. Nele, Affonso defende que leitura é uma tecnologia que precisa ser aprimorada pelo ser humano – não só aquelas nas páginas dos livros e revistas ou na tela de um computador, mas a leitura do mundo e da natureza, que os animais fazem, mas quem se intitula “racional” não consegue. Além disso, relata casos do período em que presidiu a Biblioteca Nacional, de 1991 a 1996.

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Já Marina estará em frente ao público em quatro momentos: no dia 10, no palco principal, ela apresenta a palestra “Como se fizesse um cavalo”, que repete no Teatro Juarez Machado no dia seguinte no projeto Encontro com Professores de manhã e à tarde. Também no dia 11, assim que os portões do Expocentro Edmundo Doubrawa abrirem para a feira, Marina recepciona o público com uma sessão de autógrafos.

Nestas conversas, ela discute a criação do leitor e divaga sobre as possíveis “outras pessoas” que ela teria se tornado se não fizesse dos livros parte fundamental de sua vida. E, assim como Affonso, ela divide com o público parte da sua história e de suas experiências com aqueles que forem encontrá-la na Feira do Livro.

Confira a programação completa da 10ª Feira do Livro de Joinville.